Um estudo da Universidade de Leiden, nos Países Baixos, concluiu que o voto em André Ventura nas eleições presidenciais de janeiro foi mais expressivo em concelhos com maiores comunidades ciganas. Essa tendência, já presente nas legislativas, poderá voltar a verificar-se nas autárquicas deste outono, estima o professor associado Alexandre Afonso, autor do estudo “Correlações de apoio agregado à direita radical em Portugal”. “As comunidades ciganas são um alvo privilegiado porque podem ser apresentadas como aproveitando o Estado social à custa dos outros. A retórica do ‘eles à nossa custa’ encaixa bem no discurso populista do Chega”, diz ao Expresso.
A “relação clara” entre o voto em Ventura e o tamanho (real ou percecionado) de uma comunidade cigana pode indiciar “problemas reais de convivência ou integração”. E se é verdade que as autárquicas se disputam “mais à volta de personalidades locais”, a distribuição da votação pelos municípios será “provavelmente bastante similar” à verificada em janeiro. Assim, os candidatos autárquicos do Chega poderão ter boas performances eleitorais em Mourão, Monforte e Moura, concelhos onde as comunidades ciganas são mais notórias e onde Ventura conseguiu mais de 30% da votação. De resto, o presidente do partido deu o dito por não dito e avançou mesmo como candidato à Assembleia Municipal de Moura, onde nas presidenciais ficou à frente de Marcelo Rebelo de Sousa em duas freguesias.