Política

Champions. Marques Mendes diz que Pinto da Costa tem razão e acusa Governo de “desorientação total”. “Ninguém dá a cara, fogem todos”

Ex-líder do PSD considera que "não há coerência nos critérios" da DGS e do Governo ao permitir a realização da Champions no Porto e ao impor medidas mais apertadas para os portugueses. “Será que os estrangeiros são mais disciplinados? Claro que não. Há uma desorientação total e ,depois de tudo acontecer, ninguém dá a cara, todos fogem”, critica Marques Mendes

Luís Marques Mendes admitiu concordar com as críticas do presidente do FC Porto à realização da Champions com público estrangeiro enquanto os estádios continuam a não poder receber adeptos portugueses. Pinto da Costa convidou mesmo António Costa a demitir-se. Marques Mendes considera que podemos "não gostar da linguagem mais agressiva de Pinto da Costa mas ele tem toda a razão", disse o ex-líder do PSD no seu habitual comentário de domingo no Jornal da Noite, na SIC.

Para o comentador, não há "coerência nos critérios" da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Governo ao permitir a realização da final da Liga dos Campeões no Porto da maneira que ocorreu e em simultâneo impor medidas mais apertadas para os portugueses. "Será que os estrangeiros são mais disciplinados? Claro que não. Há uma desorientação total, um desnorte e uma falta de comunicação. E o problema é que não são casos pontuais, é uma tendência", observou.

Lembrando os recentes festejos do Sporting, Marques Mendes considera que as autoridades não aprenderam a lição e que ninguém consegue entender porque é que a Taça de Portugal não contou com a presença de público no estádio e se permitiu depois a realização da Champions com a chegada de milhares de adeptos britânicos ao país. O ex-líder do PSD apontou ainda o dedo a Mariana Vieira da Silva, que garantiu em conferência de imprensa após a reunião do conselho de ministros de 13 de maio que todos os adeptos realizariam testes PCR e permaneceriam numa bolha antes de regressarem no mesmo dia para o Reino Unido. "A bolha foi tudo ao molho e fé em Deus. Se a ministra não tinha condições para garantir isso, porque prometeu?", questionou.

Marques Mendes considera incompreensível que nem a ministra do Estado da Presidência, nem o secretário de Estado do Desporto nem mesmo o primeiro-ministro deem explicações. "Há uma desorientação total e depois de tudo acontecer ninguém dá a cara, todos fogem", reforçou.

Mais do que o risco de contágio face à expansão da variante indiana, o comentador alertou para o "mau exemplo" que é dado aos cidadãos, que terão mais dificuldade agora em aceitar as medidas impostas no âmbito da pandemia. "Como é que agora a DGS e o Governo têm autoridade para impor regras nas praias ou nos Santos Populares ou para não se consumir álcool na rua?", questionou ainda.

São três as falhas do Governo segundo a leitura de Marques Mendes: uma falha a decidir, uma falha a comunicar e a fuga às responsabilidades. Já a "desorientação" vem de "há muito tempo" e só se pode justificar porque o Executivo está "exausto" e conta com vários ministros "fragilizados" - como Eduardo Cabrita. "Cada vez mais está transformado num Governo unipessoal. E o primeiro-ministro está concentrado nas questões europeias." O resultado, sublinha, é um Executivo em "roda-livre" e "autogestão", o que traz consequências a nível político e sanitário.