Venceram, mas perderam. Catarina Martins e a sua moção A conquistaram 54 mandatos na Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, num total de 67,5% dos lugares de direção bloquista. A vitória era esperada, nesta XII Convenção do BE que termina este domingo em Matosinhos, mas representa uma perda eleitoral face aos resultados obtidos na última reunião magna, realizada em novembro de 2018. Nessa altura, Catarina Martins teve uma votação esmagadora: 87,5% dos votos e 70 lugares na Mesa Nacional.
Num total de 340 delegados que vieram a esta Convenção, a lista da direção conseguiu 224 votos e assim os tais 54 mandatos, de um total de 80.
As outras moções que apresentaram candidaturas à Mesa Nacional dividem os restantes lugares: a moção E com 17 (68 votos), a N com 5 (fruto de 20 votos) e a moção C com 4 mandatos (18 votos). A oposição à maioria dirigente ganha, assim, maior expressão na vida interna do Bloco. Em especial a E (que integra ex-deputados e ex-dirigentes como Carlos Matias, Pedro Soares, Mário Tomé e Domicília Costa), assume uma posição de relevo nos próximos dois anos de direção política do Bloco: com 1/5 dos lugares dirigentes. Esta 'oposição' interna tem assim a porta entreaberta para fazer valer as suas posições. E, recorde-se, uma das maiores críticas feitas ao longo destes anos e, em especial, na fase de preparação da Convenção, por esta moção dirigia-se precisamente à "asfixia democrática" e à falta de debate interno.
Foram também anunciados os resultados da votação às propostas de orientação política para os próximos dois anos. E a moção da liderança, "Sair da Crise, Lutar contra a Desigualdade", foi igualmente maioritária, em proporção semelhante à da distribuição de lugares: 62%, resultado de 210 votos. A moção E, "Enfrentar o Empobrecimento, Polarizar à Esquerda", a maior oposição, conseguiu 64 votos (19%); a Moção C, "Mais Democracia, Mais Organização", teve 17 votos (5%) e as outras duas moções reuniram de 2% dos votos cada: 7 para a Moção Q, "Quebrar Correntes, Lutar Pelo Socialismo", outros 7 para a Moção N, "Por Uma Revolução Tranquila".
Em relação à Comissão de Direitos, outro dos órgãos diretivos eleito em Congresso, os delegados à XII Convenção do Bloco, a lista A registou 5 lugares e as moções E e Q um mandato cada.