Os comboios ainda ali não passam, mas não era isso que importava na visita que António Costa fez esta semana ao Alandroal, para ver as obras de parte da ligação ferroviária de Sines a Caia, em Espanha. O que importava era mostrar que o Governo está a fazer obra, afastando os holofotes dos problemas com vários ministros, e pôr fichas no investimento público e nos fundos europeus. Como numa viagem de comboio, sabe que tem de chegar à tabela, e nas atuais circunstâncias da governação o Governo tem pouco mais de um mês para apresentar resultados em várias frentes. Vai em “velocidade cruzeiro” em algumas áreas, como disse Costa, mas para manter o PCP a bordo tem de acelerar a execução orçamental a tempo da próxima estação a que quer chegar em julho, quando começam as conversas com os partidos parceiros.
Foi isso que foi discutido na reunião do Conselho de Ministros da semana passada. O encontro semanal dos ministros debruçou-se sobre a necessidade de executar o que ficou no OE: essa passou a ser a prioridade. Nessa reunião ficou decidido que o Governo vai acelerar algumas medidas e organizar reuniões sectoriais para fazer um sprint até ao final do primeiro semestre. “O Governo está empenhado em alcançar um nível de execução bastante razoável no final de junho. A execução orçamental não pode ser um elemento que perturbe o processo de negociação do OE para 2022”, diz ao Expresso o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.