Com “confiança no trabalho feito pela Câmara”, “tranquilo” com tudo o que conhece, com tudo o que pôde acompanhar e sobre o qual tem “dever de decisão”, Medina pede rapidez. “A instituição mais interessada [em esclarecimentos] é precisamente aquela à porta da qual vocês estão”, disse Fernando Medina ao final da tarde desta terça-feira.
Nos Paços do Concelho, em frente à mesma porta onde esta terça-feira de manhã entraram elementos da Polícia Judiciária para fazer buscas no âmbito de uma série de processos que envolvem a Câmara de Lisboa, o presidente da autarquia garantiu colaboração. “Faremos a nossa parte, a nossa obrigação, e com particular empenho para assegurarmos que Câmara Municipal de Lisboa é idónea.”
Garantindo não sentir a imagem beliscada, Medina fez questão de frisar alguns pontos, que foi repetindo ao longo das respostas. O primeiro é o de que a Câmara faz também parte da investigação, uma vez que um dos processos foi denunciado pela própria autarquia. É o que diz respeito às obras previstas para a Segunda Circular, e entretanto alteradas, por decisão do executivo de Medina, que fez cair o projeto ainda na fase do concurso. A segunda ideia é a da confiança em todos quantos trabalharam na autarquia.
“Já afirmei que nenhuma das pessoas visadas ocupa hoje funções, mas reafirmo a confiança nas pessoas que aqui trabalharam e trabalham. Não tenho qaulquer elemento que me faça questionar essa confiança até ao momento”, sustentou Medina, depois de o nome de Manuel Salgado ter aparecido em várias das perguntas.
As buscas da PJ dividiram-se por dois edifícios camarários - a sede, nos Paços do Concelho, e o departamento de gestão urbanística, no Campo Grande.
Apesar de Fernando Medina se ter referido repetidamente a oito processos, há na verdade 12. Nove deles dizem respeito a projetos urbanísticos (Hospital da Luz, Torre da Av. Fontes Pereira de Melo, Petrogal, Plano de Pormenor da Matinha, Praça das Flores, Operação Integrada de Entrecampos, Edifício Continente, Twin Towers e Convento do Beato) e três a empreitadas — a da Segunda Circular, apontada por Medina, a das obras no Miradouro de São Pedro de Alcântara e a das piscinas da Penha de França, caso sobre o qual o autarca prometeu também avançar com uma denúncia.
Em comunicado, a PJ referiu que fez no total 10 buscas domiciliárias e 18 não domiciliárias, distribuídas entre Lisboa, Sintra, Cascais, Caldas da Rainha e Alvor. Confrontado com as possíveis buscas nas casas de Manuel Salgado e do filho, Tomás Salgado, que herdou o cargo do ex-vereador no ateliê de arquitetura Risco, Fernando Medina não quis responder.