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Política

Novo apoio social chega a 39 mil, ainda abaixo do objetivo. Governo reavalia

Ministra do Trabalho garante que há 202 mil pessoas abrangidas pelos diferentes apoios. BE diz que Governo utilizou critérios favoráveis para empresas mas não para trabalhadores

Ministra da Segurança Social admite que existe uma “sobreposição dos apoios” nesta fase da crise
Tiago Miranda

O folhetim político em torno das prestações sociais tem conhecido vários atos desde o verão do ano passado, quando BE e primeiro-ministro se digladiaram pela paternidade de um novo apoio social, para ajudar os trabalhadores com quebras de rendimento e que ficassem fora da rede já existente. Três meses volvidos do novo ano, o Governo tem nas mãos a confusão instalada nos apoios sociais e uma nova prestação, a que chamou Apoio Extraordinário ao Rendimento dos Trabalhadores (AERT), que está a reavaliar se funciona. Pelo meio da guerra jurídica (que vai terminar no Tribunal Constitucional) há a guerra política, e, nela, o Governo diz que a oposição fez uma alteração “radical” à lógica dos apoios (porque passa a contar com a faturação e não com o que os trabalhadores declaram à Segurança Social), e o BE faz questão de lembrar ao Governo que foi o próprio Executivo que usou o critério do rendimento mais favorável (de 2019) para o apoio às empresas e não o fez para os trabalhadores.

A joia da coroa do OE para 2021 deveria chegar a 250 mil beneficiários, mas até agora abrangeu só 39 mil pessoas, as restantes estão cobertas por outros apoios extraordinários, garante a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social ao Expresso. Há uma “sobreposição” dos apoios, e este fica para uma fase de desconfinamento. Não é isso prova que não funciona? Ana Mendes Godinho recusa e diz que a prestação não foi desenhada para o confinamento, porque coloca como condição que o beneficiário tenha quebra de rendimentos, enquanto os apoios extra repescados (e mexidos pelo Parlamento) não o exigem. “Durante o confinamento há uma assunção do Estado que não pode olhar à quebra de rendimento”, diz Ana Mendes Godinho.