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O fator ‘x’ para Marcelo contrariar Costa: um Governo que gasta menos do que orçamenta pode encaixar mais despesa

O Marcelo político ganhou ao Marcelo jurista. Além de não ter gostado de ver Costa pressioná-lo em público, o Presidente que há meses pede mais apoios sociais para famílias e empresas recusou travá-los só por virem da oposição. Se o Governo deixou muita despesa orçamentada por executar, o PR desafia as Finanças a encaixarem este aumento. Quanto à lei travão, Marcelo joga com ela desde que liderou o PSD - no Governo minoritário de Guterres, o TC deixou passar uma coligação negativa contra portagens no Oeste

PEDRO NUNES/LUSA

Marcelo Rebelo de Sousa andava há meses a pedir atenção à necessidade de reforçar os apoios sociais a famílias e empresas durante a pandemia e só encontra duas razões para o próprio Governo não ter ido mais longe nesses apoios. Por um lado, o peso das Finanças, sob a tutela do delfim de Mário Centeno, que gere as contas com rédea curta e o olhar atento do seu ex-chefe, a partir do Banco de Portugal; por outro, o facto de António Costa não ter querido ceder a uma 'coligação negativa' saída do Parlamento por perceber que, politicamente, isso seria um ganho para as oposições.

"Isto é política pura e insere-se num clima de luta eleitoral em que cada um quer dizer: eu é que dei mais apoios", eis como este caso é avaliado pelo Presidente. Ao que o Expresso apurou, Marcelo não encontra razoabilidade para o Executivo reagir de forma tão dramática a um reforço dos apoios sociais tão necessário, sobretudo quando as contas públicas têm dado inesperados sinais de saúde.