Arrancou o Conselho Nacional que vai decidir o futuro do CDS. De um lado estão as tropas de Francisco Rodrigues dos Santos e do outro as de Adolfo Mesquita Nunes, mas a reunião (feita por videoconferência) começa marcada por um incidente procedimental.
O Conselho de Jurisdição Nacional dos centristas tinha decidido que a moção de confiança apresentada pela direção teria de ser votada de forma secreta, segundo noticiou o "Observador", mas o presidente do Conselho Nacional, Filipe Anacoreta Correia, teve outro entendimento.
Bastante pressionado por vários elementos do núcleo duro de Rodrigues dos Santos, segundo apurou o Expresso, Anacoreta Correia não tomou o parecer do 'tribunal' do CDS como vinculativo e vai colocar à consideração dos conselheiros o método de votação: voto secreto - como exigiu o presidente da distrital de Lisboa, João Gonçalves Pereira -, braço no ar ou voto nominal.
De acordo com a deliberação do Conselho de Jurisdição Nacional, citada pelo "Obsevador", a votação nominal “não assegura plena liberdade” aos membros do órgão máximo entre congressos e “não respeita o princípio democrático, constitucionalmente consagrado”.
No texto podia ainda ler-se que a Jurisdição dos democratas-cristãos considerava a decisão vinculativa: “O disposto no número anterior aplica-se de forma imediata a todas as reuniões do Conselho Nacional realizadas após a emissão do presente parecer."
Na quarta-feira, quando já surgiam vozes a questionar o método de votação da moção de confiança apresentada pelo líder do CDS, o presidente do Conselho Nacional assegurava ao Expresso que tomaria as rédeas do processo. Não adiantava se seria braço no ar, voto nominal ou secreto, mas antecipava: “Nos termos de regimento, sou eu que decido.”
O antigo deputado salientava que os três métodos “têm vantagens e desvantagens”, mas também referia que a apreciação de moções de confiança ou censura é “um ato de extrema responsabilidade política” e que a tradição interna nem passava pelo voto secreto.
“O que pedi à secretaria-geral foi que assegurasse as condições para que qualquer modalidade de voto fosse possível e vou tomar a decisão que achar mais adequada e de acordo com o regimento. Não há razões para preocupações”, prosseguia Anacoreta Correia.