A Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ) diz ter tido conhecimento das ameaças contra jornalistas e dos danos causados em, pelo menos, uma viatura de serviço, durante a cobertura da campanha às presidenciais num jantar comício em Braga do candidato André Ventura, no passado domingo, dia 17.
"Consideramos que são acontecimentos gravíssimos e uma ameaça séria ao cumprimento da missão do jornalista, especialmente neste período de campanha eleitoral, fundamental para a democracia", diz a CCPJ em comunicado.
O secretariado da CCPJ está a desenvolver esforços "para apurar os factos", tanto junto dos jornalistas envolvidos, como das autoridades policiais no sentido de identificar os responsáveis pelos "insultos, ameaças e tentativas de agressão" aos jornalistas ali presentes.
De acordo com a agência Lusa, indivíduos afetos à candidatura presidencial do Chega hostilizaram jornalistas e repórteres de imagem, naquele jantar comício em Braga, após ser noticiado que estavam reunidas cerca de 170 pessoas num restaurante durante o confinamento geral.
Insultos vários, ameaças de violência e até contacto físico com operadores de câmara antecederam o momento em que foi, finalmente, permitida a entrada da comunicação social no repleto salão do restaurante, cerca de duas horas depois do previsto.
A CCPJ lembra que é a segunda vez no curto espaço de dois meses que se verificam incidentes graves com jornalistas no decurso da sua atividade profissional. A 14 de novembro, jornalistas do Observador e da TVI foram alvo de insultos, ameaças e tentativas de agressão quando faziam a cobertura noticiosa da manifestação convocada pelo movimento do sector da restauração denominado “A Pão e Água”.
Jantar sem a luz verde da DGS
A GNR já identificou o proprietário do restaurante "Solar do Paço", em Tebosa, no concelho de Braga, onde se realizou o jantar-comício da campanha de André Ventura, por não ter sido cumpridas as regras de distanciamento e com o país em confinamento geral. “No final do evento, apurou-se a participação de cerca de 170 pessoas, onde foram servidas refeições, tendo como tal o proprietário do estabelecimento sido identificado por forma a ser elaborado o respetivo expediente e envio para Ministério Público do Tribunal Judicial de Braga, para apuramento de eventuais ilícitos que se possam ter verificado”, referiu a GNR em comunicado.
Os apoiantes estão dispostos em várias mesas redondas num espaço a rondar os 450 metros quadrados e sem ventilação. Em seguida, foram encaminhados para um outro salão no piso inferior.
O mandatário nacional e diretor de campanha, Rui Paulo Sousa, afirmou que o jantar estava a cumprir todas as normas, que as distâncias estavam a ser respeitadas e que a delegação de saúde estivera no local antes do jantar, tendo autorizado a sua realização. As fotografias tiradas pela imprensa mostraram no entanto que o distanciamento não estava a ser respeitado.