Política

Costa pede “Natal com máximo cuidado”, Marcelo lembra que “vida não acaba a 26 de dezembro”

Na troca de votos de Boas Festas, o primeiro-ministro e o Presidente da República destacaram “a excecional cooperação institucional entre os órgãos de soberania” e recordaram “o contrato de confiança entre cada português”. A democracia ficará “mais sólida se os portugueses contribuírem para essa solidez na forma como celebrarem o Natal”, sublinhou Marcelo. E explicou porquê

MARIO CRUZ

Um Natal diferente”, começou por dizer António Costa na troca de votos de Boas Festas entre o primeiro-ministro e o Presidente da República. Em confinamento, depois de o Presidente francês, Emmanuel Macron, ter acusado positivo, Costa aproveitou a sua situação para reforçar a ideia. Vamos ter de ter um Natal com muito cuidado. Sou um bom exemplo disso, bastou um almoço com uma pessoa contaminada para que, apesar de não estar eu próprio doente, ter de ficar 14 dias em isolamento, disse antes de deixar as recomendações para a época. Sei bem que é muito difícil e que a nossa tradição é Natal à mesa e que à mesa não estamos de máscara”.

Em jeito de balanço, Costa destacou o cenário que nenhum imaginava, mas enalteceu a responsabilidade cívica extraordinária e a grande capacidade de unidade e resiliência dos portugueses. Num ano em que as instituições foram postas à prova, o primeiro-ministro ainda aproveitou para enaltecer a excecional cooperação institucional entre os órgãos de soberania.

Quanto a 2021, o primeiro-ministro tem as prioridades definidas. Que possamos assegurar um processo de vacinação que será longo e demorado mas que, graças à ciência, dá confiança a todos de que, sim, é possível vencer este vírus, mas também que se arranque com o programa recuperação e resiliência. Para Marcelo uma promessa: O senhor Presidente de República sabe que pode contar, como contou estes quatro anos, com a cooperação leal e franca do Governo até ao dia 9 de março. Caso Marcelo não ganhe as presidenciais de 24 de janeiro, Costa está pronto e garante que “o Governo não muda em função do Presidente ou das circunstâncias”.

“A quadra natalícia termina mas a vida continua”

Para o Presidente, “é fundamental que os portugueses, reencontrando-se depois de dez meses de afastamento, tenham presente que a sua vida e a vida dos outros não acabam a 26 de dezembro”. “A quadra natalícia termina mas a vida continua”, reforçou, acrescentando que o comportamento dos portugueses “vai determinar os meses seguintes” na evolução da pandemia.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou ainda “o contrato de confiança que existe entre cada português”, esclarecendo que “não é o Estado, não é o Governo, não é a Assembleia da República” mas “o que cada um faz que pode determinar a vida dos demais”. Marcelo alargou a cooperação institucional entre o Governo e a Presidência, de que falou Costa, às “sessões com epidemiologistas, órgãos de soberania, partidos, confissões religiosas, sociedade civil”, entre outros.

Marcelo afirmou não conhecer “nenhum outro país” que tenha adotado “este tipo de procedimento”, que visou “reforçar a coesão e a determinação dos portugueses”. Neste “período anómalo da democracia”, os portugueses “souberam entender o fundamental”, o que, segundo o Presidente, “mostra a maturidade da nossa democracia”.

A democracia “ficará mais sólida se os portugueses contribuírem para essa solidez na forma como celebrarem o Natal”, sublinhou o chefe de Estado. Se dúvidas houver quanto a isso, Marcelo convidou os portugueses a multiplicarem os convívios “por milhões” e assim “percebem qual o significado” das suas palavras.

O Presidente comprometeu-se a partilhar com o primeiro-ministro, até ao final do seu mandato, os desafios que estão pela frente: a pandemia, a crise económica e social, a recuperação e a reconstrução, a luta pela coesão social e a ultrapassagem das desigualdades que se aprofundam nestas situações.