Política

PCP abstém-se e ajuda a viabilizar Orçamento na votação final

Partido garante que a abstenção é sinal de "distanciamento", mas abre caminho à aprovação do documento. Subsídios de risco, layoff pago a 100% ou aumento de pensões foram cruciais, justificou o líder parlamentar, João Oliveira.Eis as medidas - e as explicações

O líder parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), João Oliveira
MÁRIO CRUZ/LUSA

Confirma-se: o PCP vai manter a abstenção na votação final do Orçamento do Estado e, assim, ajudar a viabilizar o documento. A posição, confirmada pelo líder parlamentar, João Oliveira, em conferência de imprensa, é justificada pelos ganhos que os comunistas asseguraram durante a votação na especialidade, embora continuem a tecer críticas ao documento final.

As medidas que o partido conseguiu inserir no Orçamento nesta fase, sublinhadas pelo deputado, passam pelo aumento das pensões mais baixas, o salário dos trabalhadores em lay-off pago a 100%, o prolongamento do subsídio de desemprego em 2021, o suplemento de insalubridade e alargamento do suplemento de risco, a contratação de mais assistentes nas escolas ou medidas para o reforço do SNS. São as que o partido destacou nesta altura, embora no total já conte com cerca de 40 propostas aprovadas. "Insistimos até onde nos foi possível", garantiu João Oliveira. "Foi até ao último momento".

Com o Bloco de Esquerda fora - o partido vai mesmo votar contra a versão final do Orçamento -, o PCP fez questão de frisar que não se quer colocar na posição de parceiro do Governo: esta é, disse o deputado, uma "abstenção que marca um distanciamento face a opções e critérios que o Governo assume". Certo é que com ela, o documento fica praticamente viabilizado, ficando a faltar que PAN e PEV mantenham a abstenção na votação final.

O deputado insistiu na ideia de "distanciamento" por diversas vezes na declaração: "as opções do Governo não correspondem às exigências que se colocam ao país", "muitos problemas não encontram resposta na versão final", "recusaram-se medidas essenciais", foi garantindo. Mas, contas feitas, os comunistas consideraram que as alterações aprovadas foram suficientes para merecer uma viabilização.

Esta foi a lista de medidas do partido que foram aprovadas e que o PCP usou para justificar a abstenção. São 13, embora mais de 40 já tenham sido aprovadas na especialidade:

- Pagamento dos salários por inteiro a quem estiver em layoff;

- Aumento de dez euros em janeiro para pensões até 658 euros;

- Prolongamento do subsídio de desemprego por seis meses quando acabar em 2021;

- Concretização do subsídio de insalubridade e penosidade e alargamento do suplemento de risco a todos os trabalhadores de serviços essenciais;

- Contratação de médicos e enfermeiros no SNS;

- Investimentos em infraestruturas, equipamentos e meios de diagnóstico;

- Investimento nos cuidados de saúde primários para recuperar consultas em atraso;

- Reforço dos incentivos para zonas e especialidades carenciadas;

- Suspensão do pagamento por conta para as pequenas empresas que o requeiram;

- Apoio à tesouraria das pequenas empresas com dificuldades económicas;

- Criação de um programa de apoio ao trabalho artístico e cultural;

- Contratação de 5000 auxiliares e técnicos para as escolas;

- Contratação de 2500 profissionais para as forças de segurança.