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Cimeira de 5h30 com o Bloco deu em nada. Catarina dá “4 dias” ao Governo (ou pode chumbar o Orçamento)

Numa longa noite negocial, o Governo levou poucas propostas, uma das quais sobre uma velha linha vermelha dos bloquistas - que foi vista como “bizantina”. Agora, o Bloco admite pela primeira vez um voto contra. E o Orçamento virou um jogo de xadrez: o PCP pode viabilizar a primeira votação, mas o Governo ainda precisa do PAN para passar a primeira etapa. E um voto comunista na generalidade pode ser um risco para as negociações na especialidade. Esta quinta-feira, Costa aprova o documento em Conselho de Ministros

RAFAEL MARCHANTE/Lusa

Foi uma cimeira de alto nível em São Bento: António Costa chamou os seus ministros de Estado (e mais uma) - ministro da Economia, ministra da Presidência, ministro das Finanças e ministra da Segurança Social - para se reunir com o Bloco de Esquerda e procurar um acordo para o Orçamento. A reunião foi na terça-feira, antes do debate no Parlamento e dia e meio antes do Conselho de Ministros que aprovará o documento. Foram cinco horas e meia de reunião, até às duas e meia da manhã. E a sensação com que o Bloco saiu foi a de que o Governo não quer um acordo.

Foi também por isso que Catarina Martins deu uma breve entrevista no Telejornal da RTP. Para passar uma mensagem ao primeiro-ministro. Direta: “Estamos a ter uma enorme preocupação. As matérias essenciais ainda não tiveram resposta”. E para marcar um prazo: “A nossa esperança é que nos próximos quatro dias o Governo dê resposta a essas preocupações”. Quatro dias é o prazo para ser entregue no Parlamento o documento. Quatro dias é o tempo que os bloquistas estão dispostos a dar a Costa para ceder - pelo menos em algo de significativo. Caso contrário, garantem as fontes do partido ouvidas pelo Expresso, o Bloco previsivelmente votará contra.

Parece mais uma ameaça mas esta é a primeira: nunca desde a formação da geringonça o Bloco votou contra um Orçamento, muito menos na primeira votação. E aqui começam as contas: o BE é o único partido cuja abstenção “salva” orçamentos deste Governo. Há risco político. Mas há outras soluções (e o Bloco sabe disso).