Depois de ter feito definitivamente as malas após de 15 anos no Parlamento Europeu, Ana Gomes aceitou o convite de um grupo não partidário da Etiópia para visitar o país. E as imagens que se seguiram da diplomata e política portuguesa a entrar num pavilhão repleto de apoiantes em Addis Abeba tornou-se viral. Nem uma estrela de rock teria direito a uma receção maior do que aquela, que entre longas salvas de palmas e gritos, passou até pela apresentação de três jovens adolescentes baptizadas com o nome da eurodeputada. Há três "Anna Gobese" etíopes. E Gobese quer dizer 'coragem'.
"Nestes anos todos, estive sempre à pega contra tudo e contra todos para apoiar os etíopes", disse a ex-eurodeputada, quando lhe pediram explicações sobre o inédito acolhimento. Mal tinha entrado no Parlamento Europeu, Ana Gomes foi chamada a chefiar uma delegação de observadores destacados para as eleições legislativas do país. Estavamos em 2005, mas os etíopes não esqueceram o empenho da eurodeputada pelo fim da ditadura no país, que não terminou mal pôs os pés de regresso a Bruxelas e aos trabalhos parlamentares. Transformou-se numa das várias causas de vida.