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Política

O caso de Alexei Navalny não é original. Estes foram os inimigos da Rússia eliminados por envenenamento

"A foice, o martelo e a picareta" é o título do Dejà Vu assinado por Bruno Vieira Amaral esta semana. Mais uma vez se prova que o futuro foi ontem

A eliminação de inimigos políticos com recurso a substâncias venenosas (ou a métodos menos subtis quando o veneno não chega) não é uma originalidade de Vladimir Putin, mas é legítimo considerá-lo um dos mais destacados herdeiros modernos dessa vetusta tradição. Alexei Navalny é apenas o último de uma lista em que se contam um ex-guarda-costas de Putin, Roman Tsepov, que morreu em 2004 depois de beber chá num escritório dos serviços secretos, o antigo agente da FSB Alexander Litvinenko, que bebeu um chá com umas gotinhas de polónio e morreu três semanas depois num hospital londrino, e Serguei Skripal, agente russo que trabalhava para os serviços de informação britânicos e que conseguiu sobreviver a uma dose de novichok — um potente agente nervoso desenvolvido pelos laboratórios soviéticos durante a Guerra Fria — aplicada na maçaneta da porta de casa.

Durante o período soviético, Estaline, que não era propriamente um partidário da subtileza quando se tratava de eliminar adversários, autorizou o homicídio de alguns opositores, ou “inimigos do povo” na novilíngua estalinista, através de envenenamento, como Nestor Lakoba, o líder comunista da Abecásia, que morreu em 1938, após um jantar como seu rival Lavrenti Béria, o tenebroso chefe da NKVD. A causa oficial da morte foi ataque cardíaco, mas há fortes suspeitas de que o vinho ingerido por Lakoba naquela noite terá apressado — para usar um eufemismo — o desfecho.

No entanto, o mais célebre assassínio político extrajudicial ordenado por Estaline pouco deveu a estas estratégias sub-reptícias dignas dos Bórgia ou dos Romanov. Mesmo exilado no México desde 1936, Leon Trotsky era o inimigo nº 1 de Estaline e sabia bem que tinha a cabeça a prémio. Em maio de 1940, um grupo de homens armados com metralhadoras, entre eles o pintor mexicano David Alfaro Siqueiros, tentou assassiná-lo em casa. O plano não correu como desejado, mas os serviços secretos soviéticos, cumprindo ordens de Estaline, não desistiam facilmente.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.