Política

PS não diz se mantém confiança em autarca da Azambuja

Fonte oficial do PS afirma que não tem "nada a acrescentar" às declarações de António Costa, que admitiu "discordar" da proposta do autarca da Azambuja em avançar com um cordão sanitário a um prédio habitado por famílias ciganas

O PS não diz se mantém a confiança política no autarca da Azambuja, Luís de Sousa, e se o recandidata nas próximas eleições. "Não temos nada a acrescentar àquilo que já disse o primeiro-ministro", afirmou ao Expresso fonte oficial do PS, quando confrontada sobre a sugestão do presidente da câmara de avançar com um cordão sanitário a um prédio habitado por famílias ciganas naquele concelho.

A proposta causou mal-estar no Governo. Depois de o secretário de Estado Duarte Cordeiro ter lamentado, em declarações ao "Público", a referência à "etnia de doentes com covid-19" no bairro da Quinta da Mina, o primeiro-ministro admitiu esta quarta-feira, durante o debate quinzenal, "discordar" do presidente da câmara socialista.

"Não passo a concordar consigo quando passo a discordar dos meus autarcas", declarou António Costa em resposta ao deputado do Chega, André Ventura, que questionou o líder do Governo sobre se existe um problema com ciganos no país, como admitiu o autarca da Azambuja.

Já Ventura aproveitou a deixa para ironizar com o facto de Luís de Sousa concordar com a proposta de confinamento de ciganos apresentada pelo deputado. "Pode ser que o seu autarca seja o candidato do Chega à Azambuja nas próximas autárquicas", atirou.

Foi na segunda-feira que Luís de Sousa defendeu a necessidade de se criar uma cerca sanitária num prédio daquele bairro social na Azambuja, onde habitam nove famílias de "etnia cigana", de forma a garantir uma "vigilância ativa" daqueles munícipes. "Seria para eles ficarem isolados dentro das suas casas, o que é difícil porque eles têm muitas crianças e andam constantemente na rua", argumentou o autarca.

Depois de várias críticas de associações, Luís de Sousa desvalorizou o facto de ter mencionado a etnia dos infetados com covid-19 naquele bairro, afundando-se em mais justificações. "Porque ali vivem famílias de etnia cigana e outras famílias normais, como nós", justificou.

O delegado regional de saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Mário Durval, apressou-se, contudo, a reafirmar que, face à evolução da pandemia, não há necessidade de avançar com cordões sanitários no país, sendo apenas obrigatório o isolamento dos doentes infetados para travar o surto, em linha com o Governo.