“Sem intervenção pública", a TAP "não tem qualquer possibilidade de sobreviver”. A declaração de Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, e a previsível desproporção de rotas para Lisboa e Porto nos próximos tempos promete gerar uma onda de contestação a Norte. A Federação Distrital do PS do Porto adverte o Governo de que a atividade da companhia aérea tem de preservar e defender a coesão nacional, assumindo o compromisso territorial “ através de uma operação frequente e robusta a partir do Aeroporto do Porto”.
A Distrital liderada pelo eurodeputado socialista Manuel Pizarro reage com “preocupação” à previsível diminuição da operação da TAP a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no contexto de reativação da economia nacional na sequência da crise pandémica. Em comunicado, o PS do Porto alerta o Governo para a necessidade de se encontrar uma solução que “mantenha ou até incremente os níveis de operacionalidade da companhia aérea no serviço que presta à Região Norte”.
A confirmar-se a decisão da Comissão Executiva da TAP, “inteiramente composta pelos acionistas privados”, o PS lembra que a mesma prejudica “gravemente” a economia da região e, caso seja mantida, comportará riscos elevados, nomeadamente no que diz respeito às exportações do Norte, que representam mais de 40% do volume nacional, “bem como à atividade do turismo, que muito ajudou ao dinamismo económico” dos últimos anos e que se espera seja retomada assim que as condições de saúde pública o permitam.
A maior federação socialista do país sublinha que a diminuição da operação da TAP é discriminatória para com o distrito do Porto e o Norte do país, além de agravar as discrepâncias entre Lisboa e o Porto na disponibilidade do transporte aéreo e no acesso à atividade de uma companhia que “é de bandeira e, que pelo menos em teoria, é nacional, tendo por isso, a obrigação defender o interesse de todo o país”.
“Qualquer cenário de quebra da operação da TAP é ainda mais grave considerando que a sobrevivência da empresa depende agora da ajuda financeira do Estado”, recorda o PS/Porto, que diz confiar que o Governo “está atento a esta situação e que contribuirá para a alteração da estratégia e para a garantia de uma TAP de Portugal e de todos os portugueses”, sem marginalizações regionais e medidas centralistas de desinvestimento.
O "Porto, o Nosso Movimento", a associação cívica afeta ao presidente da Câmara do Porto, também já se pronunciou sobre a situação da TAP, que avisa é lembra “é uma empresa semi-pública”, o que significa que “metade do seu capital resulta do esforço de todos os portugueses com os seus impostos”. Para regressar à operação, “no âmbito da crise que vivemos”, o movimento independente refere que a TAP precisa que o Estado aumente a sua participação, entrando com mais dinheiro público para o seu capital ou garantindo dívida com aval soberano. “De uma forma ou de outra, usando o que é dos contribuintes”, avisa a associação liderada por Francisco Ramos, antigo líder do PSD/Porto.
Para os independentes apoiantes de Rui Moreira, a manutenção de uma companhia de bandeira, suportada com dinheiro público, não é uma inevitabilidade, mas foi uma opção do Governo, com o apoio dos partidos à sua esquerda, tal como a privatização, "também mal desenhada, foi uma opção do Estado”, frisa em comunicado o "Porto, O Nosso Movimento".
Socorrer a TAP com dinheiros públicos, "mais uma vez", pode agora ser necessário de novo, "se Portugal quiser continuar a ter uma companhia de bandeira para fazer serviço público", referem os independentes em comunicado, mas avisam que não ser aceitável que esse serviço, sustentado por dinheiros públicos, seja concentrado num único aeroporto, favorecendo uma única região.
"Se o Governo e os partidos políticos entendem que uma empresa regional que presta um serviço público, de âmbito marcadamente regional, deve ser apoiada com dinheiros públicos, deve deixar que sejam os municípios, as CIMs ou as Áreas Metropolitanas beneficiadas, com fundos próprios, a apoiarem essa empresa, entrando no seu capital", defendem.
"Não pode é continuar a exigir aos empresários e cidadãos das restantes regiões do país que paguem um serviço regional, com base em decisões não escrutináveis e tomadas por privados no uso de dinheiros públicos", acrescentam, colocando-se ao lado do presidente do município e rejeitando um programa de retoma da TAP centrado em Lisboa, "em claro abandono da região mais produtiva do país".
Os independentes titulam de insultuosa para a região que a TAP, enquanto pede dinheiro público para sobreviver, não consiga esconder, "como ainda ontem denunciou o JN, que planeia retomar a sua actividade com uma desproporção de 71 para 3 em número de rotas, podendo a desproporção ser ainda maior quanto ao número de voos".
A Associação Cívica não aceita, como Rui Moreira já enunciou, que "este assalto à região do país que mais contribui para a economia nacional continue, e que os seus cidadãos e empresários continuem a ser prejudicados e "delapidados em financiamentos de uma visão centralista e autista do país".