Política

André Ventura ao jornal “El País”: “Em oito anos, o Chega será o maior partido do país”

O líder do Chega diz que nas próximas eleições presidenciais, o candidato do partido a Belém terá uma “votação muito expressiva”, esperando que possa ser eleito um chefe de Estado do partido já em 2026

TIAGO PETINGA

Numa altura em que as sondagens indicam que o Chega quadriplicou as intenções de voto, André Ventura, manifesta-se confiante de que o seu partido irá continuar a crescer nos próximos anos. Em entrevista ao diário “El País”, o deputado único do Chega realça o facto de o partido ter alcançado 1,3% dos votos nas legislativas em outubro e as mais recentes sondagens já darem cerca de 5% das intenções de voto ao Chega.

“É uma questão de tempo, em quatro anos haverá um candidato do Chega à presidência da República, em oito anos seremos o maior partido do país. As pessoas estão fartas de políticos que prometem muito e não fazem nada”, afirma André Ventura em entrevista ao jornal espanhol.

Questionado pelo Expresso, o líder do Chega esclarece que nas próximas eleições presidenciais, o candidato do partido a Belém terá uma “votação muito expressiva”, esperando que possa ser eleito um chefe de Estado do partido já em 2026.

“Nós somos diferentes e isso é que nos faz crescer. Somos um partido comum, não de elites, mas de pessoas que sofrem com o atual sistema”, acrescenta André Ventura ao jornal “El País”

Reafirmando que não concorda com o rótulo de extrema-direita, Ventura considera que o Chega é um “partido antissistema” que foi criado com o objetivo de responder a questões que preocupam a sociedade como a segurança, a criminalidade, a justiça e a imigração. Revela ainda que mantém “boas relações” com o partido espanhol Vox.

Confrontado sobre o facto de se ter juntado ao protesto dos polícias, que decorreu no final de novembro, o líder do Chega defendeu que foi uma “situação lógica” por concordar com as reivindicações da PSP. “Uma vez mais é a reação ao sistema. Se a esquerda se junta aos protestos dos estivadores ou professores é algo natural, se o Chega se junta a algum protesto é um golpe de Estado. Dois critérios diferentes para medir situações semelhantes”, lamenta.

André Ventura reitera ainda que o Chega vai propor a revisão da Constituição portuguesa, considerando que se trata de um “obstáculo” para o desenvolvimento do país.

Ao contrário de outros países de extrema-direita, sublinha o diário “El País”, o Chega está a favor da União Europeia. “Não faremos um Portugalexit enquanto não se diluir a identidade portuguesa e se respeite o Estado nação. Estamos a favor de uma Europa forte e de um exército comum europeu muito forte, mas também queremos um critério comum: não se pode sancionar Portugal por um défice excessivo caso se perdoe França”, conclui.