É a primeira figura do universo socialista a censurar abertamente as relações familiares e de afinidade entre vários membros do Governo de António Costa. Num texto de opinião publicado no blogue Causa Nossa, Vital Moreira recorda que a "ética republicana vai muito para além do respeito da lei, regulando também a margem de livre decisão deixada pela lei", e deixa um recado: "Sem constrições éticas a res publica corre riscos desnecessários".

Mesmo assumindo como "inevitável" e até "compreensível" que os membros do Governo se rodeiem de pessoas de confiança e lealdade acima de qualquer suspeita, o antigo eurodeputado eleito pelo PS, marido de Maria Manuel Leitão Marques, ex-ministra e candidata à eurodeputada, sublinha que o "número" de casos conhecidos "conta".

"O problema aumenta exponencialmente quando entram em jogo as relações familiares e quando a frequência das ocorrências deixa perceber um padrão de conduta comprometedor (o número conta). Hoje em dia, os novos meios de informação e o maior escrutínio e maior sensibilidade do público tornam estes assuntos especialmente delicados. Toda a imprudência será castigada", escreve Vital Moreira.

A terminar, o ex-militante comunista (foi sempre eleito como independente nas listas do PS) recomenda que se pense em "códigos de conduta ou códigos de ética", assim como em "comissões de ética", "que permitam dirimir os casos duvidosos ou contenciosos". "Infelizmente, entre nós, em vez de se prevenirem as situações, tendemos a correr atrás do prejuízo", lamenta.