Leonel Moura, 73 anos, artista conceptual e autor do monumento de homenagem a Almada Negreiros, fala com a propriedade de quem veio do futuro: “A vasta maioria da arte que se produz hoje já é obsoleta e não tem explicação nenhuma a não ser para a pessoa que faz aquilo”.
Pode parecer o fim da arte, mas é apenas um dos muitos impactos que se preveem para uma nova era alavancada pela Inteligência Artificial generativa que pesquisa informação em múltiplos repositórios e tanto escreve poemas, como desenha ilustrações ou programa software – com intervenção mínima ou nula por parte dos humanos.
Em entrevista para o podcast Futuro do Futuro, o pioneiro mundial da arte produzida por robôs considera que a Humanidade está longe de imaginar o que aí vem – e por isso mantém-se impreparada, para um futuro em que as máquinas assumem o protagonismo e aos humanos pouco mais resta que se entreterem, talvez a pintar, talvez a escrever, ou talvez a fazer música – mas não com o mesmo móbil artístico da atualidade.
“A ideia de autoria faz pouco sentido. Estamos a passar de um humano, enquanto criador das coisas, para nos tornarmos nas pessoas que desencadeiam as coisas”, avisa Leonel Moura.
Habituado à crítica e ao desdém permanente de alguns círculos artísticos, Moura não se coíbe de apelidar o denominado mundo da cultura como uma entidade “conservadora e reaccionária”, que “só promove o passado, quando o futuro está aí a cair todos os dias”.
Sobre o papel do Ministério da Cultura dita o mesmo desfecho que já antevê para museus e outros organismos dedicados à divulgação artística: “É uma entidade obsoleta, não serve para nada”.
Pode ouvir estas e muitas outras frases sobre o que nos reserva a Inteligência Artificial do mais tecnológico e futurista dos artistas portugueses no episódio da nova temporada do Futuro do Futuro.
Depois de duas temporadas com os jornalistas João Miguel Salvador e Nelson Marques, agora é a vez de Hugo Séneca conversar com mentes brilhantes de diversas áreas sobre o admirável mundo novo que a tecnologia nos reserva. Uma janela aberta para as grandes inovações destes e dos próximos tempos. Oiça aqui outros episódios: