Natural de Coimbra, onde cresceu e se licenciou, André Baptista aprendeu a programar aos 11 anos, de forma autodidata. Passou por todas as fases na descoberta das suas capacidades tecnológicas. A de estar no computador às escondidas dos pais, a de usar a tecnologia para pregar partidas aos professores na escola, a da descoberta da ética na sua missão de vida. E recorda bem onde e quando: “Era menor na altura e fiz uma partida que era, se calhar, um bocadinho além daquilo que era suposto. Fiquei a senti-me mal com aquilo e percebi que não era aquele o meu caminho, não me revia naquilo”. É “do outro lado das forças, do lado do bem” que se posiciona.
Ao contrário dos “crackers” (piratas informáticos), André foca-se em descobrir vulnerabilidades em infraestruturas informáticas das empresas ou organismos públicos, através de testes de intrusão contínuos, e sempre com a concordância das organizações. Formado em Segurança Informática, notabilizou-se no mundo dos hackers éticos depois de vencer, em 2018, nos Estados Unidos, uma competição de cibersegurança que lhe garantiu o estatudo de “hacker mais valioso do mundo”.
A distinção acabaria por servir de rampa de lançamento para a criação da Ethiack, em 2022. A empresa, de que é co-fundador e diretor tecnológico, faz parte da lista restrita de 40 empresas a vencer o prémio das Nações Unidas, o World Summit Award, e foi considerada no ano passado a startup mais promissora no Road to Web Summit.
Além da atividade empresarial, André Baptista é atualmente professor convidado na Universidade do Porto, onde ensina jovens a serem hackers éticos, no mestrado em Segurança Informática. E é um dos treinadores da seleção nacional do Cyber Security Challenge, uma espécie de Campeonato Europeu do Futebol, mas para hackers.
Diz que o seu propósito é “garantir a sustentabilidade tecnológica e assegurar que a internet não se vai tornar um caos de vulnerabilidades e bugs e vírus”. Mas confessa que o caminho mais desafiante que tem feito foi o de deixar de vestir apenas a pele de engenheiro, para incorporar a de líder: “Há realmente muitos desafios, há muitas dores de cabeça, há muitas dores de crescimento, há muitos momentos de indecisão, há muitos momentos de insegurança. Há muitos momentos em que temos que avaliar risco e daquilo que vamos fazer a seguir. E às vezes, um ano parece que foram dez”.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: