A decisão é recente e, provavelmente, muitos ainda a associam à Novartis Portugal onde, durante quase duas décadas, trilhou um percurso de carreira que a levou da base até ao topo, chegando a presidente da farmacêutica em Portugal. Foi feliz na generalidade das etapas, cresceu muito - como pessoa e como líder -, fez crescer outros, desafiou e foi desafiada, assumiu riscos, saiu da sua zona de conforto sempre que achou necessário e aprendeu, aprendeu muito. Mas desde janeiro deste ano, Cristina Campos está a escrever um novo capítulo da sua história. Trocou uma posição de destaque no cluster global da Novartis pela gestão de um negócio de família, a Freemácia, e assumiu o desafio de ajudar outros a crescer como investidora e mentora. Os cargos, garante, têm o valor que lhe quisermos dar.
Aluna exemplar, Cristina Campos poderia ter sido qualquer outra coisa na vida e foram várias as propostas que foi recebendo ao longo do caminho. Por herança da família, acabou por cursar Ciências Farmacêuticas, como os pais, mas desviou-se da farmácia comunitária.
Chegou a fazer investigação mas o laboratório não lhe bastava. Interessava-lhe a indústria farmacêutica, “os temas do impacto na cadeia de valor de um novo medicamento, a investigação de novas soluções para trazer mais vida e melhor vida às pessoas, a componente científica". Mas, faltavam-lhe "as pessoas”. Encontrou-as na indústria farmacêutica, onde entrou como delegada de informação médica.
A experiência, garante, moldou a líder que viria a ser no futuro. “Foi a minha primeira grande lição de humildade”, recorda, acrescentando que “percebi que o que me levara até ali [ser muito boa aluna, com um conhecimento teórico e científico muito sólido] já não me levaria mais longe”, nota.
Desafiou-se, arriscou sair da sua zona de conforto e numa altura em que se encontrava a progredir na carreira, decidiu parar para refletir se estava a seguir a rota certa. Já mãe de três filhos, pediu a demissão, mudou o chip e foi fazer um MBA. A única coisa que tinha como certo era que “iria aprender algo novo” e que, no limite, “teria de começar do zero”. O que de melhor retirou da experiência? “Aprendi a trabalhar sem títulos, nem hierarquias” porque, como diz, o que verdadeiramente importa “são as pessoas, nunca os cargos”.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça mais episódios: