Nasceu em março de 1989, na Madeira. A mãe é portuguesa, o pai costa-riquenho. Os pais conheceram-se em Kharkiv. Depois da faculdade mudaram-se para Kiev, casaram e foi lá que nasceu o irmão. A morte trágica do irmão, num acidente aos dois anos, provocou o regresso da família a Portugal. Instalaram-se no Funchal, onde a mãe tinha a família.
A mãe é formada em economia e o pai treinador de natação. Foi pela mão do pai que entrou aos 2 anos na natação e chegou à alta competição, atingindo recordes regionais e nacionais.
Em criança pegava na bicicleta e ia explorar a floresta com os primos. “Era uma felicidade. Chegava sempre a casa cheia de terra”, recorda.
A família é grande, do lado da mãe são 11 irmãos e do pai 14. De quatro em quatro anos viajavam para a Costa Rica para reverem a família paterna. “A primeira vez que fui tinha dois anos. Ficámos lá dois meses. Quando regressei a Portugal já não sabia falar português”, conta.
Para este podcast trouxe um tamagotchi, presente que recebeu dos pais numa viagem aos Estados Unidos em 1998. “Agora pedem para desligarmos os telemóveis nas salas de aula, antes era o tamagotchi. O meu ficava com a minha mãe para não morrer”, partilha.
Estudou Medicina na Universidade de Lisboa e especializou-se em Saúde Pública na Suécia. Era onde estava quando recebeu uma chamada, num jantar com amigos e colegas de trabalho. Do outro lado o convite para integrar as listas do PS para o Parlamento Europeu.
“Durante a chamada escrevi num post-it que me estavam a convidar para o Parlamento Europeu, os meus amigos acharam que me tinham convidado para uma visita. Era bem mais do que isso”, lembra.
Aceitou o convite em “estado de choque”. Os dias que se seguiram serviram para informar a família e passar a pente fino as redes sociais para evitar a exposição de alguma publicação “problemática”. “Não estava ligada a nenhum partido e até tinha algumas publicações sobre o então Governo socialista”, explica.
A avalanche de críticas começou depois de ser notícia nos jornais. “Chegaram a questionar se era madeirense, porque era uma ilustre desconhecida. Questionavam o que ia uma jovem médica de saúde pública fazer para o Parlamento Europeu”, revela.
Sara Cerdas é a convidada do podcast Geração 80. Nesta conversa com Francisco Pedro Balsemão, fala sobre a infância, a história da família e sobre a entrada na política e os últimos cinco anos “de céu e inferno” em Bruxelas. Mostra-se preocupada com o crescimento da extrema direita na Europa e com a falta de jovens na política europeia.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.