Nasceu em julho de 1984, na Guarda. Foi lá que cresceu com os pais e o irmão mais velho. Aos oito anos um acidente mudou a dinâmica e vida da família. O irmão tinha 10 anos quando foi atropelado e os pais dividiram-se entre Coimbra - onde estava internado - e a Guarda.
“Nos primeiros seis meses tentaram perceber se sobreviveria, nos seis meses seguintes se havia qualquer possibilidade de reabilitação ou se ficava em estado vegetativo”, conta.
Era uma criança introvertida e isso não mudou com a idade. Para este podcast trouxe uma tartaruga ninja, o Donatello - “o mais tímido”. É uma recordação de criança, dos DVD que via com o irmão.
A infância ficou marcada pela tragédia que aconteceu ao irmão e pela luta dos pais na recuperação do filho. “Agora que sou pai percebo ainda mais o amor que os meus pais tiveram e empenharam na recuperação dele. O meu irmão hoje consegue ter vida social e ser minimamente independente, graças aos meus pais. Sem eles ele seria dependente para o resto da vida”, confessa.
Percebeu as dificuldades que os pais tiveram na reabilitação intensiva do irmão e do trauma de infância fez uma missão de vida.
Sempre foi bom aluno, mas tinha “pouco interesse” na escola. Licenciou-se em Engenharia Eletrónica e durante o doutoramento foi convidado para ser professor de Tecnologia, Eletrónica e Programação na Universidade da Maia. O foco sempre esteve na saúde e enquanto dava aulas esperava o “primeiro investimento” na primeira patente que tinha inventado: uma solução de fisioterapia baseada em Inteligência Artificial, o Terapeuta Digital.
“Fui educado com uma mentalidade americana. Os Estados Unidos são bem sucedidos porque têm um espírito de que tudo é possível e todos aceitam bem o risco. Lá falhar e currículo, em Portugal e na Europa é cadastro”, admite.
Fundou a Sword Health e o objetivo passa por libertar dois mil milhões de pessoas da dor. Já inventou cerca de 34 patentes e é autor de mais de 40 artigos científicos.
Virgílio Bento é convidado do novo episódio do Geração 80. Nesta conversa conduzida por Francisco Pedro Balsemão põe a timidez de lado e fala sobre a infância, marcada pelo acidente do irmão, e sobre como chegou ao top 50 dos principais CEO de tecnológicas da área da saúde, distinguidos em 2023.
“As pessoas não acreditam que é possível nascer em Portugal, ficar cá e ter sucesso. A limitação está na nossa cabeça. Eu nasci na Guarda, estudei em Aveiro, tenho uma empresa global que emprega mil pessoas e estou no Porto”, concluiu. Ouça aqui a entrevista.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.