Nasceu em junho de 1985, em Lisboa. Da infância recorda as férias de Verão em família no Meco, os passeios de bicicleta com o irmão mais novo, as idas às amoras e o gosto pelos videojogos - uma paixão incutida pelo pai.
O miúdo que era é o “contraste” do homem que é hoje. Tinha “medo” de dormir às escuras, “chorava” nos escuteiros. Estudou no Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, e as idas para casa ao final do dia eram um “inferno”. “Em dois anos fui assaltado 16 vezes. Foi uma fase. Na altura, a RTP fez uma reportagem à porta do colégio e eu falei. Utilizei o termo ‘indivíduos’ e aquilo fez história lá na escola”, recorda.
“O momento de viragem desta fase foi quando contei ao meu cabeleireiro, o Manuel. Disse-lhe o que estava a acontecer e ele deu-me uma dica: ‘Quando sentires que podes vir a ser ameaçado, pede-lhes um cigarro’. Testei isso e funcionou!”, continua.
Para a conversa trouxe como objeto de infância um pão com manteiga ("parecido ao que vendem no bar da SIC"). "É uma representação da minha infância, de todos os pães que comi em pequeno. Andava sempre com um atrás"
Estudou Comunicação Social na Católica porque achava que o futuro passava pelo Jornalismo. Em adolescente disse aos pais que queria ser ator. Usava o cabelo cheio de caracóis e chegou a ter a alcunha de “Marco Paulo”. “Não gostei muito disso”, confessa.
Sempre gostou de teatro, muito por influência da mãe que o levava em pequeno aos concursos de máscaras. “Cheguei a ganhar um no Teatro Maria Matos, estava vestido de pastor”, conta.
Durante a licenciatura “entusiasmou-se” por viagens à neve. Congelou a matrícula e tornou-se guia. Quando regressou da aventura já não terminou o curso. Aos 21 anos já estava a dar os primeiros passos na televisão, no Curto Circuito, e em 2009 apresentou os Ídolos, com Cláudia Vieira, e ficou “famoso”.
João Manzarra é o convidado do novo episódio do podcast Geração 80. Nesta conversa com Francisco Pedro Balsemão, fala sobre a troca da cidade pelo campo, na altura provada pela doença do pai e pela vontade de o acompanhar nos últimos meses de vida. “Foi uma das maiores vitórias. Tenho uma vida sem ruído, trânsito, estímulos. Vivo muito melhor”, admite.
Em 2015 tornou público que era vegan. Garante que nunca se considerou “melhor pessoa” por não comer carne, peixe e derivados. “Quando tornei público que era vegan foi complicado e tornou-se cansativo estar sempre a ser testado. Foram desde as estrofos do meu carro aos casacos de penas que já tinha há anos. Mas há valores base que trago e são para manter”, sublinha.
Hoje a vida no campo e as galinhas do vizinho ajudaram-no a “baixar a guarda”. Já não é “100% vegan” e até come mexilhão e amêijoa. “Têm um sistema nervoso muito simples, não sentem nada. Não fico com peso na consciência”, brinca. Ouça aqui a entrevista.
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.