Foi secretário de Estado da Saúde de António Costa, assumiu depois o lugar de deputado - e acabou (sem o esperar) por ficar com a cadeira de presidente da Comissão de Inquérito parlamentar à TAP. Ao Expresso da Manhã, no dia em que se conhece o relatório final da CPI - elaborado por uma deputada da maioria socialista -, Lacerda Sales admite que, do relatório final, surjam “pontos com diferentes interpretações dos factos, mas também que possa haver algum consenso” com alguns partidos. Sugerindo à bancada do seu partido que aceite incorporar sugestões da oposição: “Se uma maioria absoluta for dialogante e de bom senso, não quererá ter a verdade absoluta”.
Convencido que “os deputados foram percebendo que havia linhas vermelhas”, o presidente da CPI não deixa de se mostrar “preocupado” com a linguagem “pouco urbana” que, a dados espaços, ouviu na comissão. Mesmo entendendo que esta CPI se transformou “num instrumento nobre e até digno de fiscalização”, porque “o ruído inicial foi desaparecendo”.
Acredita que “o escrutínio foi grande, mas a TAP não foi prejudicada”, diz esperar que a empresa se mantenha “acima de preconceitos ou quimeras ideológicas”.
Quanto ao Governo, António Lacerda Sales recomenda que “deve também tirar as suas ilações, nomeadamente na relação com o setor empresarial do Estado.” Mas deixa sobretudo um conselho, em período final de uma difícil Comissão de Inquérito: “Um governo nunca pode respirar fundo, em nenhuma situação - não é só nesta. Deve ser respirar responsabilidade.”
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