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Pandora Papers

Pandora Papers. Testas de ferro de Salgado continuaram a mandar

Duas companhias offshore que fizeram centenas de milhões em mais-valias com o BES continuavam, em dezembro de 2018, a ser controladas por testas de ferro de Ricardo Salgado

Luís Barra

Quando o colapso do Grupo Espírito Santo (GES) aconteceu, em agosto de 2014, um artigo do “Wall Street Journal” trazia um nome exótico de que nunca se tinha ouvido falar em Portugal. O nome em causa, Zyrcan, era uma companhia offshore que se comportava como um fundo financeiro e que tinha tido um papel fundamental na vida oculta do Banco Espírito Santo (BES) e na forma como um buraco financeiro de enormes proporções foi criado ao longo de anos sem que os auditores e os reguladores se dessem conta.

A Zyrcan injetou pelo menos €165 milhões num saco azul do GES, que serviu para pagar alegados subornos e prémios debaixo da mesa a colaboradores. E juntamente com uma outra companhia offshore do mesmo género, a Martz Brenan, durante uma década e meia fez centenas de milhões de euros em mais-valias com títulos de dívida vendidos aos clientes do BES, canalizando esse dinheiro para gastos e investimentos ligados a Ricardo Salgado e à sua família.