É uma das referências mais longínquas relacionadas com Portugal nos Pandora Papers. Em novembro de 1996, uma companhia de nome Worldwide Transportations Limited foi incorporada nas Ilhas Virgens Britânicas. Uma procuração encontrada na fuga de informação obtida pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ), de que o Expresso é parceiro, revela que foram dados amplos poderes na altura para atuar em representação da empresa a duas pessoas: o antigo advogado João Vale e Azevedo e o empresário Humberto Pedrosa, dono do Grupo Barraqueiro e até recentemente um dos acionistas principais da TAP.
Humberto Pedrosa diz que não tem conhecimento da constituição dessa offshore “nem de qualquer procuração” que lhe “tenha sido passada por essa sociedade”, mas admite que Vale e Azevedo foi advogado do Grupo Barraqueiro até 1996, tendo trabalhado na operação de privatização da Rodoviária de Lisboa. Na época, o advogado tinha várias procurações para poder atuar em nome de empresas do grupo. No entanto, recorda Humberto Pedrosa, “no final de 1996, o dr. João Vale e Azevedo, por uma questão de quebra de confiança, deixou de prestar apoio jurídico”.