Os manifestantes jordanos saíram às ruas — mais uma vez — para exigir o fim da corrupção e da pobreza nesta monarquia do Médio Oriente, que depende de ajuda externa. Polícias à paisana acabaram com as manifestações e prenderam os críticos dos líderes do país. Ainda assim, as pessoas clamaram por mudança.
Por fim, em junho de 2020, numa tentativa de acalmar a crise, as autoridades anunciaram uma repressão à riqueza oculta, concebida para estancar o fluxo de cerca de 800 milhões de dólares (690 milhões de euros) que saem do país por ano.
O então primeiro-ministro Omar al-Razzaz afirmou que a repressão era especialmente necessária para responder ao impactos da covid-19 nas finanças do Estado. A Jordânia controlaria todos os dinares que os cidadãos tinham escondido em paraísos fiscais, disse o governante: nenhuma riqueza offshore estava fora de escrutínio. Parece que nenhuma, exceto a do rei.
Uma série de documentos revelados obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) mostra que o rei Abdullah II, no trono do país há muito, detém secretamente 14 casas de luxo no Reino Unido e nos Estados Unidos, adquiridas entre 2003 e 2017 através de empresas-fantasma registadas em paraísos fiscais. O seu valor totaliza mais de 106 milhões de dólares (91 milhões de euros).