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Pandora Papers

Pandora Papers. Presidente do Quénia preparava regresso com um discurso anticorrupção... e a fortuna secreta da família aumentava

A família Kenyatta governa há décadas uma das maiores economias de África. Para os conselheiros suíços que os ajudaram a canalizar a riqueza para paraísos fiscais, eram os “clientes 13173”

Uma nova investigação mostra que à medida que Uhuru Kenyatta planeava um regresso político fazendo campanha contra a corrupção, a fortuna secreta da sua família crescia offshore.

No seu discurso anual sobre o Estado da Nação, no outono passado, o Presidente do Quénia subiu ao palanque no parlamento para reconhecer que demasiados quenianos vivem na pobreza e demasiados funcionários roubam os recursos públicos do país. Filho do primeiro chefe de Estado do Quénia e líder de uma das maiores economias africanas, Kenyatta, de 59 anos, pediu aos deputados que se lhe juntassem no combate à corrupção. Mais uma vez, declarou “a centralidade da transparência, da responsabilidade e da boa governação como a base do desenvolvimento sustentável”.

Mas uma enorme quantidade de documentos agora revelados mostra que o Presidente tem acumulado em segredo, durante anos, uma fortuna pessoal atrás do véu de companhias offshore.

Há décadas que Kenyatta esconde a sua riqueza do escrutínio público, com a mãe, irmãs e irmão, através de fundações e empresas em paraísos fiscais, incluindo o Panamá, com ativos no valor de quase 30 milhões de euros, segundo registos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) e partilhados com mais de 600 repórteres e 150 parceiros de media em todo o mundo.