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Orçamento do Estado

OE. Governo receia chumbo. “Desta vez é diferente”

Costa quis dar sinais na lei laboral, saúde, Função Pública e creches. Mas no Governo há incerteza sobre o caminho de saída

No último debate com Costa, Jerónimo pediu “um sinal” ao primeiro-ministro, que lhe respondeu que ficaria “mais descansado” quando visse o OE. Mas o documento foi um balde de água fria e a resposta de Costa sentida como “um momento traumático”. António Costa disse, na sexta-feira, que seria “irracional” uma crise, mas já começa a preparar o PS para todos os cenários: convocou uma comissão política para dia 22 de outubro, após o Conselho de Ministros que avaliará as negociações com a esquerda
Tiago Miranda

O Governo está às escuras sobre o que é preciso fazer para que a esquerda viabilize o Orçamento do Estado para 2022. Sabe quais são as prioridades, mas “tudo é prioridade”, e desta vez há um sentimento de que não se trata de bluff ou tão-só de pressão negocial por parte dos comunistas: “É diferente”, desabafa um governante, quer no tom, com o pré-anúncio de chumbo, quer na forma da negociação, negociando ao mesmo tempo OE e as alterações às leis laborais — que ideologicamente dividem muito comunistas e socialistas.

Como não sabe qual o ponto de viragem, o Governo foi lançando medidas em todas as frentes. A estratégia passa, assim, por tentar negociar o OE levando várias medidas para a mesa de negociações e ao mesmo tempo preparar o guião para se defender em caso de crise política, argumentando que cedeu à esquerda mais do que se esperaria (sobretudo nas leis laborais).