O ódio torna a democracia inviável. Porque a política não pode ser o mata-mata. E Bolsonaro, como os seus pares europeus e Trump, trepou o ódio – ele está sempre disponível para qualquer político que o queira usar, sobretudo quando as crises se abatem sobre as nações –, chegou ao poder e construiu um fosso intransponível entre brasileiros que se espalhou por cada rua, por cada pequena cidade, por cada perfil de cada rede social. Ódio aos "esquerdopatas", ódio ao "ex-presidiário", ódio ao "jornalixo", ódio aos "bandidos", ódio aos artistas, ódio aos ambientalistas, ódio, ódio, ódio. Claro que o recebeu de volta. Para a sua estratégia, era essencial que o recebesse. A figuras como Bolsonaro não chega o ódio aos outros. É preciso que a incomunicabilidade entre as pessoas crie realidades paralelas sem concessões.
Exclusivo
No Brasil, o mês de todos os perigos
As condições para a uma polarização na segunda volta são muito maiores do que se imaginava. Será tudo ou nada. Tudo se decide ao milímetro. Bolsonaro tem de correr riscos, Lula menos. O Brasil caminhará no fio da navalha. Mesmo que os bolsonaristas sejam derrotados e aceitem o resultado, as marcas desta campanha prevalecerão. Até porque o bolsonarismo para além de Bolsonaro se consolidou e, como o trumpismo, veio para ficar