Quem, na oposição, aceitou equiparar a PSP e a GNR à PJ, forças incomparáveis nas funções, critérios de entrada ou exigências de exclusividade, estava, quando chegasse ao poder, condenado a beber o cálice da demagogia até ao fim. Governar em campanha tem riscos, e era inevitável que a aproximação do subsídio de risco das forças de segurança ao suplemento de missão de uma polícia de investigação se alastrasse a outras forças do Estado. Como se explica aos bombeiros que um polícia receba um subsídio de risco de €350 (em 2025) e €400 (em 2026) e eles de €37 (em 2025) e €100 (em 2027)? E só se aceitarem mais 31 horas gratuitas de trabalho mensal. Feitas as contas, a sua luta teria servido para receberem menos à hora. E como não se indignarem quando, apesar de o salário médio líquido ser de €972 (a que acrescem subsídios), a primeira proposta do Governo ter sido a de baixar o salário de entrada? E como não se impacientarem quando a sua carreira não é revista há 20 anos? Especificidades à parte, é mais uma classe a sofrer duas décadas de degradação da Função Pública que acompanha um discurso político de ataque às funções do Estado.
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Quem ignorou os pirómanos que apague o fogo
Não se pode esperar que os bombeiros respeitem polícias quando os polícias cercaram, sem punição, um debate eleitoral. Não se pode exigir compostura dos funcionários públicos quando deputados instalam a baderna na AR perante a tibieza medrosa de quem a preside. E não se pode queixar de movimentos “inorgânicos” quem se pendurou neles