Exclusivo

Opinião

Vamos imaginar que Trump não tinha filhos (como Kamala)

Aquilo que se nota aqui, de novo, é o moralismo desta direita que só aceita um modelo de família: a mulher em casa, em segundo plano, a parir filhos sem fim como uma coelhinha, não da Playboy, mas do estado da natureza

Nesse cenário hipotético e mais risonho para a humanidade, um Trump sem descendência, ninguém se lembraria de transformar a ausência de prole num assunto político por duas razões. Primeira, a esquerda pode ser muito moralista, mas não neste ponto. Segunda, Trump é um homem e, portanto, está protegido pela cultura em relação aos deveres familiares, que ficam apenas do lado da mulher. O que é um crédito para o homem – “é focado”, “só pensa no país” – passa a ser um descrédito para a mulher, “demasiado fria”, “demasiado ambiciosa”, “se não cuida de filhos, como pode cuidar dos outros” – é curioso que as pessoas que pensam assim costumam ser as mesmas que não veem problemas na ausência de casamento e filhos na vida dos padres. Mas adiante.