Rui Tavares e Cotrim de Figueiredo lideram os dois partidos mais interessados e mais interessantes. São os partidos mais interessados em observar os factos e a realidade de 2022. Ao contrário de todas as outras forças políticas, são os únicos que estão de facto em 22. À esquerda, PCP, BE e PS são forças reacionárias que recusam mudar o modelo que nos tem empobrecido. Recusam qualquer mudança no status quo. À esquerda, o Livre tem a audácia de pedir algumas mudanças. À direita, a IL lidera o ímpeto reformista por larga margem. Ao pé da IL, o PSD é um paquiderme lento e com pouca coragem. O PSD sabe que a IL tem razão, mas não consegue admitir isso em público. O Chega e o Chega dos betos (este CDS), cada um à sua maneira, têm uma visão igualmente reacionária da realidade. Não são conservadores, são reacionários; querem ressuscitar um passado alegadamente puro e não contaminado com o ar do século XXI.
Livre e IL são os mais interessados na realidade e, por isso, tornam-se nos partidos mais interessantes nas propostas que apresentam. Do meu ponto de vista, as propostas da IL são mais interessantes. Dos impostos à saúde, da segurança social à educação, a IL apresenta um laboratório das melhores políticas liberais testadas com sucesso numa dezena ou mais de países europeus. Insisto porém numa ideia: se eu fosse de esquerda, eu só poderia votar na modernidade universal e europeia do Livre, e não no orgulhosamente sós do BE, do PCP e de boa parte do PS. Ao pé do Livre, BE, PCP e parte do PS são mesmo forças reacionárias que recusam qualquer mudança.
Em resumo, a IL merece larga votação, e o Livre merece pelo menos eleger Rui Tavares. Sucede que a urna, tal como a vida, nem sempre é justa, e muitas vezes a democracia elege os piores anjos da nossa natureza. A democracia nem sempre preza a inteligência. Por isso, insisto numa ideia triste: Rui Tavares é demasiado aberto, inteligente e cosmopolita para ter sucesso na esquerda portuguesa, que está cada vez mais nacionalista, fechada e bafienta.