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Opinião

Dostoievski, nosso contemporâneo

A verdade é que quando nos abeiramos de Dostoievski, um século e meio não faz qualquer diferença

Neste extenuado ano de 2021, onde se amalgamam confusamente tantas dores, incertezas e esperanças, assinalam-se os 140 anos da morte de Dostoievski (9 de fevereiro) e o bicentenário do seu nascimento (11 de novembro). A verdade é que quando nos abeiramos de Dostoievski, um século e meio não faz qualquer diferença. Os seus livros continuam a dirigir-se a nós, a oferecer-nos instrumentos para o conhecimento de nós próprios, a falar connosco sobre coisas que já sabemos, e, ao mesmo tempo, a destapar nos vazios da alma (no nosso “subsolo”, como ele diria) o que ignoramos ou tememos reconhecer. Podemos aplicar a Dostoievski o que ele próprio disse de Shakespeare: não é só um escritor colossal; é um profeta enviado para revelar os mistérios da alma humana. Numa carta ao seu irmão Michail, ele explica deste modo a sua conceção: “A vida é vida em toda a parte; a vida existe dentro de nós, não fora. [...] E ser um homem ao lado dos outros homens, e permanecê-lo para sempre, qualquer que seja a desgraça que suceda, sem se lamentar, sem que o ânimo se quebre — eis em que consiste a vida, eis a sua finalidade.”

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.