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Opinião

O 10 de Junho de Marcelo devia ter sido em maio. Ou em abril

As datas são o que são, ou melhor, são quando são. Mas depois de ver e ouvir o que foi o 10 de Junho, só tenho pena que o dia de Portugal não tenha sido antecipado no calendário. Pelo exemplo que deu como cerimónia contida e pelo valor intrínseco dos dois discursos, próprios de um tempo de união e alerta que já parece longínquo

O 10 de Junho é talvez o feriado nacional mais artificial. Não tem a importância histórica do 1º de Dezembro, não assinala uma mudança de regime, como o 5 de Outubro, nem a democracia, como o 25 de Abril. Evoca a data da morte do nosso maior poeta, mas sem qualquer certeza sobre a data, num feriado a que a República se agarrou e Salazar reforçou porque não queriam que o dia nacional estivesse ligado a um feito monárquico. Quando, nos tempos da troika, se suspenderam alguns feriados, defendi que a data a preservar devia ser o 1º de Dezembro, não por ter qualquer inclinação monárquica, mas por ser a data que restaurou a independência de Portugal.