O golpe de Estado de terça-feira, 18 de agosto, no Mali, que levou à prisão do Presidente Ibrahim Boubacar Keïta e do primeiro-ministro Boubou Cissé e à demissão do Governo e do Parlamento, corresponde aos anseios populares (corrupção e falta de iniciativa política), mas pode criar um vazio no combate aos jiadistas no país e na região. Daí a rapidez com que a França condenou o golpe, em consonância com a ONU e a CEDEAO (Comunidade Económica de Estados da África Ocidental).
Há mais armas per capita do que telefones no Sahel (Mauritânia, Mali, Níger, Chade e Bukina Faso). Enraizou-se aquilo a que o ex-embaixador francês em Bamako (Mali) Nicolas Normand chamou “o sindicalismo da kalashnikov”, a obtenção de vantagens através da intimidação, seja por conta própria, seja ao serviço de senhores da guerra ou narcotraficantes.