A Venezuela emitiu este fim-de-semana as licenças que irão permitir à petrolífera russa Rosneft explorar durante 30 anos as reservas de gás natural ao largo da costa venezuelana. Através de uma subsidiária, o Grupo Rosneft, os russos terão presença assegurada nas reservas de Patao e Mejillones, onde podem estar armazenados mais de 180 mil milhões de metros cúbicos (bcm) de gás natural.
Em troca, a empresa de energia do Estado venezuelano — a PDVSA — recebeu seis mil milhões de dólares adiantados, por petróleo que ainda irá produzir e exportar para a Rússia.
Este acordo, assinado entre o diretor executivo da Rosneft, Igor Sechin, e Nicolás Maduro, Presidente da Venezuela, este fim-de-semana em Caracas, é visto pelos analistas como mais uma prova de que a Rússia está a tentar expandir a sua influência na América Latina num ano em que dois em cada três sul-americanos escolhem novos líderes, começando pelo aliado histórico que é o regime socialista venezuelano.
Com a economia em colapso, a Venezuela tem sido obrigada a confiar cada vez mais nos poucos aliados que lhe restam. Segundo a agência Reuters, a PDVSA deve à Ronsneft pelo menos seis mil milhões de dólares (cerca de 5,1 mil milhões de euros) e, apesar do ministro das Finanças russo ter aceitado a reestruturação de 3,15 mil milhões de dólares (cerca de 2,68 mil milhões de euros) da dívida de Caracas, essa parcela nem sequer incluiu a dívida energética.
O gigante da energia russa já está envolvido em atividades de exploração de petróleo na Venezuela, nomeadamente nos campos de Pertomiranda e Petromonagas. As estimativas apontam para que estas reservas possam conter mais de 20 mil milhões de toneladas de crude.
No total, a Venezuela deve cerca de 140 mil milhões de dólares a credores estrangeiros. As notícias sobre a fome, a mortalidade infantil e a proliferação de doenças que já não matavam ninguém há muitos anos estão todos os dias nas capas dos jornais internacionais. A última reportagem do diário norte-americano "The New York Times", publicada esta segunda-feira, fala em centenas de crianças mortas por falta de alimentos e medicamentos.