Internacional

'Teoria do género' põe França em alerta

Extremistas são acusados pelo Governo francês de lançarem o rumor de que nas escolas se ensina que "um rapaz pode ser rapariga quando for grande".

Daniel Ribeiro, correspondente em Paris

O rumor de que no ensino primário francês se ensina a "teoria do género" espalhou-se como um rastilho de pólvora e esta semana, numa centena de escolas, os pais deixaram de enviar os seus filhos para os estabelecimentos de ensino.

 

O Governo manifestou inquietação e o Conselho de Ministros francês de hoje discutiu o assunto. "Pedimos aos diretores das escolas para convocarem os pais, para lhes explicar a realidade, porque há um certo número de extremistas, manipuladores do ódio, que decidiram mentir e meter medo às pessoas; o que fazemos nas escolas é ensinar os valores da República e o respeito entre homens e mulheres", explicou Vicent Peillon, ministro da Educação.



"A escola da República não ensina a teoria do género, apenas ensina a igualdade em todos os pontos de vista", acrescentou o ministro socialista.

 

Desde sexta-feira da semana passada que circula em França esta mensagem, através da internet e por SMS, que foi levada a sério: "A escolha é simples, ou aceitamos a teoria do género e eles vão ensinar às nossas crianças que não nascem rapazes ou raparigas, mas que podem depois escolher quando crescerem (...), ou defendemos o futuro dos nossos filhos".

 

Sindicatos do sector da educação dizem que esta "guerrilha contra a escola da República" está a ser organizada pela "extrema-direita, integristas religiosos, nacionalistas e antirrepublicanos".

Nova manifestação no domingo

A polémica inscreve-se no contexto de debates muito radicalizados, em França, sobre o casamento gay, a adoção de crianças por casais homossexuais e a homofobia, e acontece dias depois do 'Dia da Cólera', uma manifestação extremista, com dezenas de milhares de pessoas, no domingo passado, ter terminado com confrontos com a polícia, em Paris.

Uma nova manifestação, da mesma natureza, foi convocada para o próximo domingo, igualmente na capital francesa.

 

A direita "clássica" condenou os apelos ao boicote nas escolas, mas Jean-François Copé, presidente da UMP ('sarkozysta'), pediu ao Ministério da Educação que levante "todas as ambiguidades".



"Começo a estar farto destes assuntos que o Governo, como por acaso, põe sempre em cima da mesa, que não trazem nada de bom e que geram tentações para os extremistas fazerem agitação num país que tem necessidade de serenidade", disse Copé.