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Guerra no Médio Oriente

“O Hamas não aceitará a sua destruição total”: sob máxima pressão, grupo jiadista mantém braço de ferro com Israel e Estados Unidos

A Faixa de Gaza enfrenta fome e bombardeamentos, e o Hamas tenta negociar com o que lhe resta: reféns e pressão internacional. Analistas ouvidos pelo Expresso alertam para o risco de colapso ou fragmentação do grupo — e para o impacto destrutivo das próximas semanas de guerra

Exército israelita desloca palestinianos à força no norte de Gaza
Anadolu

O Hamas, as autoridades dos Estados Unidos e de Israel não estão em sintonia na leitura que fazem da resposta que o grupo palestiniano apresentou à proposta de cessar-fogo do enviado de Donald Trump para o Médio Oriente, Steve Witkoff. Afinal, tratou-se, ou não, de uma recusa? “O Hamas rejeitou efetivamente o plano de cessar-fogo dos Estados Unidos, por não conduzir ao fim da guerra”, considera John Strawson, perito em Estudos do Médio Oriente e, em concreto, no conflito israelo-palestiniano, em declarações ao Expresso.

A organização sunita e islamita afirmou, sábado, que enviou uma proposta alternativa aos mediadores. À luz da sugestão do Hamas, este libertaria dez reféns vivos e dezoito mortos, em troca da libertação de prisioneiros palestinianos por Israel. A proposta inclui a exigência do fim imediato da guerra — com que Israel não quer comprometer-se —, prevendo que a libertação dos israelitas em cativeiro em Gaza seja gradual, ao longo da trégua de 60 dias, em vez de se realizar em duas vagas, no primeiro e no sétimo dia (como constava da solução americana). No fim de semana, Witkoff respondeu com dureza: a resposta do Hamas foi “completamente inaceitável, e só nos põe a andar para trás”.