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Guerra no Médio Oriente

“Quando chego ao hospital não sei se vou ver os meus colegas ou se algum foi morto de noite”: o testemunho de um psicólogo português em Gaza

“Ao contrário de outros contextos em que o pior já passou, como no caso de um ciclone, aqui o ataque é constante e as pessoas não estão num lugar seguro, o que limita muito a intervenção na área da saúde mental”, diz ao Expresso o psicólogo Raul Manarte, há um mês em Gaza, em missão com a organização Médicos Sem Fronteiras. Ainda assim, acrescenta, “nos piores cenários de crises e catástrofes, a resiliência das pessoas é inacreditável”

Destruição total, numa zona da cidade de Gaza
ALI JADALLAH / ANADOLU / GETTY IMAGES

De todas as guerras em curso no mundo, há algo que distingue a da Faixa de Gaza. Encurraladas entre o Mar Mediterrâneo e Israel, que bombardeia o território palestiniano diariamente há mais de um ano, mais de dois milhões de pessoas não têm para onde ir.

“Nunca vi o que acontece aqui em mais lado nenhum. As pessoas estão presas num pedaço de terra de 40 por 15 quilómetros. E há um colosso militar — pelo menos é assim que o sentimos aqui — que martela constantemente, que bombardeia com helicópteros Apache, caças, drones, quadcopters, disparos da marinha... E as pessoas não podem fugir.”