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Guerra no Médio Oriente

“Vacinamos crianças e, dois dias depois, elas morrem” num ataque israelita, diz diretora da UNRWA na Europa

Após um ano de guerra em Gaza, Marta Lorenzo afirma que o “desespero” é tal que as pessoas “ficam à espera que a morte chegue”. Dos relatos que recebe, destaca ao Expresso o ataque a um centro de vacinação contra a poliomielite que fez mortos civis, incluindo seis funcionários da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos. E fala numa “campanha deliberada contra a UNRWA”

Marta Lorenzo, diretora na Europa da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), nas Conferências do Estoril 2024
José Fonseca Fernandes

Para a diretora na Europa da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), o atual “nível de devastação, doença e morte” não tem paralelo nos últimos 75 anos. Marta Lorenzo, que viveu duas décadas em Israel, reconhece que a sociedade está “traumatizada” e “em estado de choque” com os ataques do Hamas a 7 de outubro do ano passado.

Contudo, “não é do interesse de Israel isolar-se”, que é precisamente o que faz ao declarar o secretário-geral da ONU persona non grata ou proibir as atividades da UNRWA, refere. Em entrevista ao Expresso, nas Conferências do Estoril 2024, a responsável denuncia o que diz ser uma tentativa de afastar “um dos temas mais controversos de quaisquer negociações políticas”. “Não haverá discussões entre as partes sobre a questão dos refugiados palestinianos se a UNRWA acabar por ser desmantelada”, justifica.