Guerra no Médio Oriente

Israel defende reocupação de Gaza enquanto ONU alerta para cenário “apocalíptico”

Ministro israelita diz que exército permanecerá “por muitos anos” na Faixa de Gaza para assegurar estabilidade. Intensificação dos conflitos em Gaza e no Líbano causou dezenas de mortes nas últimas 24 horas e levantou alerta mundial por parte da ONU

Ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich
RONEN ZVULUN/REUTERS

O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, afirmou esta sexta-feira, em entrevista à Al-Jazeera, que a Faixa de Gaza deve ser reocupada e que o exército israelita vai continuar na região por "muitos anos", como forma de garantir segurança e prevenir a reestruturação do Hamas.

Smotrich mostrou-se também otimista em relação a um possível acordo político até ao final do ano, embora não existam avanços concretos no sentido de um cessar-fogo. Do outro lado, ao mesmo canal, Sami Abu Zuhri, um dos porta-vozes do Hamas, confirmou que o grupo estaria aberto a uma trégua.

Contudo, o responsável do grupo islâmico avançou que a proposta apresentada pelos israelitas não atende às condições essenciais do Hamas, que exige a cessação total dos ataques, de modo a permitir o estanque da violência em Gaza. Zuhri acusou Israel de pretender apenas o resgate de reféns e não o fim da guerra.

Enquanto as negociações não culminam num acordo, o número de mortes aumenta: só nas últimas 24 horas, 55 palestinianos foram mortos em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local. Estima-se que, desde o início do conflito, a 7 de outubro de 2023, pelo menos 43.259 palestinianos tenham morrido e outros 101.827 feridos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) veio esta sexta-feira classificar a situação no norte de Gaza como "apocalíptica" e alertou que milhões de pessoas na região estão "sob risco iminente de morte", apelando novamente para que Israel interrompa os ataques e permita a intervenção das equipas humanitárias.

A tensão também se alastra pelo Líbano, onde novos ataques aéreos em Beirute na madrugada desta sexta-feira causaram mais de 10 mortes.

Na quinta-feira, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou a mencionar um "progresso" nas conversas para um cessar-fogo entre Israel e Hezbollah. Porém, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, encarou a continuidade dos ataques como um sinal de que Israel não está comprometido em pôr fim ao conflito.

Desde o início da guerra em Gaza, o Líbano tem registado igualmente um saldo elevado de vítimas, com pelo menos 2.867 mortos - incluindo 45 nas últimas 24 horas - e 13.047 feridos, de acordo com o Ministério da Saúde libanês.