Issa Amro vive no meio dos que habitam ilegalmente na sua cidade. Não está em minoria, há cerca de 250 mil palestinianos em Hebron para 800 israelitas, mas Amro não tem um exército ao seu serviço. Os seus vizinhos, sim. Vários.
São as Forças de Defesa de Israel (IDF) quem patrulha as ruas em redor dos bairros israelitas em Hebron, espécie de serviço de segurança privado pago pelos contribuintes israelitas para garantir que os que vieram ocupar uma terra que não lhes pertence possam construir as suas vidas alheios a esse facto. Fora o exército oficial, há várias pequenas milícias civis, legalmente armadas.
A realidade da ocupação é a única que Amro conhece. Nasceu em 1981, muito depois de os primeiros colonos terem começado a ocupar terras em Hebron, cidade que já existia na Idade do Bronze.
Nunca soube o que é circular livremente na cidade onde nasceu. “Tens um date, mas não te deixam passar no checkpoint, naquele dia o soldado israelita não está bem disposto, lá se vai a tua noite romântica. Noutro dia tens uma entrevista de emprego ou tens de ir comprar alguma coisa urgente, enfim, é quase impossível ter vida normal”, diz Amro, sentado no terraço da sua casa, numa manhã arroxeada que nasce por trás das das oliveiras na colina de Tel Rumeida. Os palestinianos têm um altíssimo nível de tolerância para retardatários.
“Eu tinha aqui uma grade, mas o exército disse que tinha de a tirar. Pu-la mais para o lado, mas foi destruída. Um dia partiram-me a janela com pedras. Eu estava aqui, estava a dormir e agora olha como tenho a janela”