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Guerra no Médio Oriente

Gershon Baskin, o negociador de paz: “Israelitas e palestinianos vão ter de mostrar remorsos em público”

Nascido em Nova Iorque e desde cedo membro ativo dos protestos contra a guerra do Vietname e a favor de mais direitos civis para as minorias negras nos Estados Unidos, Gershon Baskin emigrou para Israel em 1979, onde continuou o seu ativismo, desta vez em prol da solução dos dois Estados. Foi instrumental na libertação do soldado israelita Gilad Shalit, em 2011, simplesmente porque um dia, no Cairo, começou a falar com um representante do Hamas e simpatizaram um com o outro. É um académico reconhecido com carreira na Universidade de Greenwich e diretor para o Médio Oriente da ONG britânica de resolução de conflitos International Communities Organisation

Ativista israelita Gershon Baskin que ficou conhecido por ter conseguido a libertação do soldado Gilad Shalit ao manter cinco anos de conversações com o Hamas para esse efeito
D.R.

Gershon Baskin não vai parar de lutar pelo fim da guerra em Gaza. Apesar dos seus 68 anos, das desilusões com interlocutores palestinianos e de outras “muito maiores” com o seu próprio Governo em Telavive, o negociador de paz ao serviço de Israel, em regime informal, diz ter um plano que já foi aceite pelo Hamas. Falta só a assinatura de Benjamin Netanyahu. O primeiro-ministro israelita, acredita Baskin, está a bloquear o regresso dos reféns de forma a poder continuar a dizer que só a força militar impiedosa sobre Gaza poderá trazê-los de volta.

Baskin não é eleitor de Netanyahu, entende qualquer um nos primeiros cinco minutos de conversa. Tampouco é ativista pela causa palestiniana que algum dia vá ser ouvido a defender que o Hamas é primeiramente uma “força de resistência”. Nem sequer diz que os seus contactos no grupo terrorista são “moderados” ou sequer que defendem a existência de Israel. Dá-se apenas o caso de se sentir na obrigação de falar “com todo o tipo de pessoas” para conseguir recuperar os israelitas presos em Gaza e os palestinianos presos em Israel. É que nem todos têm culpa formada.