Guerra no Médio Oriente

Delegação israelita está no Cairo para conversações sobre tréguas em Gaza

Delegação dos islamitas palestinianos do Hamas está desde sábado na capital egípcia, tendo os mediadores egípcios e do Catar já informado sobre a evolução do diálogo após duas semanas de trabalho sem a presença palestiniana

Mahmoud Issa/Reuters

A delegação israelita deslocou-se neste domingo ao Cairo para as negociações com vista a um acordo de cessar-fogo e à libertação de reféns na Faixa de Gaza, apesar da escalada dos combates no Líbano. A delegação é liderada pelo chefe dos serviços de informação estrangeiros Mossad, David Barnea, e pelo chefe dos serviços secretos para Israel e territórios palestinianos Shin Bet, Ronen Bar, segundo fontes citadas pelo diário "The Times of Israel".

A delegação dos islamitas palestinianos do Hamas está desde sábado na capital egípcia, tendo os mediadores egípcios e do Catar já informado sobre a evolução do diálogo após duas semanas de trabalho sem a presença palestiniana. Em cima da mesa está a proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos.

Um dos pontos-chave das negociações é a exigência israelita de manter uma presença militar no corredor de Filadélfia, na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egito, para impedir qualquer tentativa de contrabando e rearmamento por parte do Hamas, mas tanto o Egito como o grupo palestiniano rejeitam esta possibilidade.

Fontes israelitas indicaram que os Estados Unidos estão a pressionar Israel a concluir um acordo para evitar uma possível escalada da guerra na região. O jornal "The Times of Israel" escreveu que Washington terá pedido a Telavive que deixasse claro que não pretende uma escalada com o Hezbollah do Líbano e que pretende chegar a um acordo com o Hamas.

Outros pontos críticos são a exigência de Israel de impedir o regresso das milícias palestinianas ao norte da Faixa de Gaza, a exigência do Hamas de um cessar-fogo permanente e o número e nomes dos reféns israelitas e dos prisioneiros palestinianos a libertar em cada fase.

Entretanto, o Presidente egípcio, Abdelfattah al-Sisi, recebeu hoje o presidente do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, Charles Brown, a quem transmitiu a necessidade de tomar decisões de grande alcance para evitar uma escalada de violência.

Al-Sisi referiu-se, em particular, à situação no Líbano e pediu para garantir a segurança e a soberania deste país no âmbito da ofensiva militar israelita, justificada como um "ataque preventivo" contra lançadores de mísseis do Hezbollah, segundo o jornal estatal egípcio "Al Ahram".

O líder do Egito apelou também a um "esforço internacional coordenado" para abrir "um processo político abrangente para a criação de um Estado palestiniano independente no quadro da solução de dois Estados", que considera essencial para a estabilidade regional a longo prazo. Destacou ainda a "forte parceria estratégica" entre os Estados Unidos e o Egito, nomeadamente nos domínios da segurança e militar.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 40 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.