Exclusivo

Guerra no Médio Oriente

Um ano de guerra em Gaza: 128 jornalistas mortos. O último morreu na madrugada de 7 de outubro e tinha 19 anos

Fotografar a morte todos os dias, como conta ao Expresso o fotojornalista Ahmad Hasaballah tem “um enorme impacto” nos profissionais mas, se não houver ninguém a documentar “ninguém acredita que isto se esteja a passar”. Pelo menos 128 jornalistas morreram em Gaza desde o início da guerra, só cinco não eram palestinianos. O Comité para a Proteção de Jornalistas mantém uma lista atualizada, com pequenas biografias e circunstâncias da morte, que é a base deste trabalho. Israel é acusado pelos palestinianos de atingir deliberadamente quem documenta o que se passa em Gaza

Familiares choram os corpos de dois jornalistas mortos ainda em 2023, pouco depois do início da guerra
NurPhoto

Ahmad Hasaballah está a viver numa tenda, num campo de refugiados perto de Rafah, com outros 11 jornalistas. A família - pai, mãe, um irmão e uma irmã - não veio para sul quando Israel avisou que os habitantes das cidades a norte do rio Gaza teriam de se refugiar a sul, ou enfrentar as consequências da ação militar terrestre e está na mesma casa onde sempre viveu, na Cidade de Gaza, no centro do território. A casa onde Ahmad vivia antes da guerra já não existe, disse-lhe o pai.

Quando falou com o Expresso a primeira vez tinha 29 anos, agora tem 30, mas pouco mais mudou. As suas fotografias, difundidas pela agência Getty, já apareceram em todos os jornais e revistas mais importantes do mundo. Há poucos dias venceu o Lucy Award pelo impacto global das suas imagens. A ligação com o Expresso, pelo Whatsapp, é difícil. Passam-se três, quatro segundos sem qualquer ruído do lado de lá. A ligação caiu? Não parece, a chamada está ligada. Depois a voz de Ahmad surge de novo: “Hello? Hello?”