Quando Raphael S. Cohen chega ao aeroporto em Telavive, a primeira coisa que vê, logo à saída da rampa para a plataforma das bagagens, é a imagem de todos os reféns atualmente detidos pelo Hamas. O investigador de Ciência Política do 'think-tank' RAND, que fornece análises e informação às Forças Armadas dos Estados Unidos, conta, em tom de desabafo, que a exposição daquelas fotografias define o “clima e os interesses nacionais”, que não serão travados “por causa de uma votação na Assembleia Geral da ONU”. Cohen refere-se à votação retumbante em sede da ONU, apelando a um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza.
Ao todo, 153 Estados-membros, de entre 193, decidiram apoiar a resolução, com apenas 10 a votarem contra (incluindo os EUA, Israel e Áustria), e 23 a absterem-se (entre os quais Reino Unido e Alemanha). Mas não é esse resultado expressivo que vergará a vontade do Governo israelita de lutar pela sua “segurança”, explica o investigador, nesta entrevista ao Expresso. “É importante compreender o clima em Israel, o nível de choque, raiva e trauma. Israel só mudará de opinião quando o Hamas decidir retirar-se e deixar a Faixa de Gaza para sempre, o que não creio que seja particularmente provável.”