Guerra no Médio Oriente

50 reféns do Hamas libertados, quatro dias de pausa na guerra: o que se sabe da trégua acordada entre Israel e o Hamas

O início da pausa será anunciado nas próximas 24 horas e terá a duração de quatro dias, sujeito a prorrogação De acordo com meios de comunicação israelitas, o Hamas vai levar os reféns para o Egito através da passagem de Rafah, em grupos diários de cerca de dez. De acordo com estimativas, o Hamas tem entre 210 e 240 reféns, enquanto a Jihad Islâmica tem cerca de 30

KENZO TRIBOUILLARD / AFP / GETTY IMAGES

O Governo israelita aceitou na terça-feira um acordo com o grupo islamita Hamas para a libertação de reféns na Faixa de Gaza em troca da libertação de prisioneiros palestinianos e de uma trégua de quatro dias.

Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros catari descreveu as conversações que produziram o acordo para uma "pausa humanitária" como o resultado de uma mediação do Egito, dos EUA e do Catar.

"O início da pausa será anunciado nas próximas 24 horas e terá a duração de quatro dias, sujeito a prorrogação", referiu o comunicado. A televisão pública israelita avançou que a cessação temporária das hostilidades terá início na quinta-feira, a fim de permitir 24 horas para a apresentação de eventuais recursos contra a decisão do Governo junto do Supremo Tribunal.

"O acordo inclui a libertação de 50 reféns, mulheres e crianças civis, atualmente detidas na Faixa de Gaza, em troca da libertação de um número de mulheres e crianças palestinianas detidas em prisões israelitas", referiu o ministério catari. Deverão ser libertados 150 palestinianos que não tenham sido condenados por crimes de sangue.

"O número de pessoas libertadas irá aumentar em fases posteriores da implementação do acordo", acrescentou o comunicado. Nenhum soldado ou homem será libertado e os corpos dos reféns mortos não serão recuperados. No entanto, os meios de comunicação social israelita referem que homens idosos e reféns de nacionalidade estrangeira poderão ser trocados. Outro ponto destacado é o facto de o Hamas ter de indicar os nomes das pessoas a libertar com um dia de antecedência.

O Catar sublinhou que o cessar-fogo "irá permitir a entrada de um maior número de comboios humanitários e ajuda humanitária, incluindo combustível designado para necessidades humanitárias".

Os detalhes do acordo

De acordo com meios de comunicação israelitas, o Hamas vai levar os reféns para o Egito através da passagem de Rafah, em grupos diários de cerca de dez, e daí serão transferidos para Israel.

Além disso, o exército compromete-se a não sobrevoar a Faixa de Gaza durante seis horas por dia, enquanto a trégua estiver em vigor, para permitir que o Hamas localize os reféns detidos por outros grupos armados, como a Jihad Islâmica.

De acordo com estimativas, o Hamas tem entre 210 e 240 reféns, enquanto a Jihad Islâmica Palestiniana tem cerca de 30.

Segundo a imprensa hebraica, o acordo prevê ainda a entrada na Faixa de Gaza, incluindo na região norte, de 100 a 300 camiões com alimentos e ajuda médica, bem como combustível.

Divisões em Israel

Israel aceitou na terça-feira o acordo, com todos os membros do executivo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a votarem a favor, exceto os três ministros do Partido do Poder Judaico (Otzma Yehudit), de extrema-direita, e o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir.

Antes da reunião governamental, Netanyahu garantiu que o acordo prevê que a Cruz Vermelha visite os reféns e forneça ajuda médica. O primeiro-ministro afirmou que aceitar o acordo, que segundo o Hamas estava a ser discutido há um mês, "é uma decisão difícil, mas é a decisão certa".

Netanyahu advertiu, porém, que esta trégua não significa o fim da ofensiva, que causou mais de 14 mil mortes, das quais mais de cinco mil são crianças.

"Há muitos disparates a serem ditos por aí que, depois da pausa para devolver os nossos reféns, vamos parar a guerra. Bem, sejamos claros: estamos em guerra e vamos continuar a guerra. Vamos continuar a guerra até atingirmos todos os nossos objetivos: eliminar o Hamas, devolver todos os nossos reféns e pessoas desaparecidas e garantir que não há nenhum elemento em Gaza que ameace Israel", disse Netanyahu antes da reunião.

O Hamas saudou hoje o acordo, mas garantiu que a luta não terminou.

"Confirmamos que as nossas mãos continuarão no gatilho e que os nossos batalhões triunfantes continuarão atentos", alertou o grupo, num comunicado.

Esta trégua surge após semanas de pressão crescente por parte da comunidade internacional e dos principais organismos internacionais, como as Nações Unidas, para pôr termo aos ataques incessantes, que também já causaram mais de 1,5 milhões de deslocados.

Telavive declarou guerra ao Hamas depois de o grupo islamita ter lançado um ataque contra Israel a 07 de outubro, no qual morreram mais de 1.200 pessoas e 240 foram raptadas e levadas para Gaza.