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Guerra no Médio Oriente

Cerco de Israel, que a ONU considera “ilegal”, agrava situação humanitária na Faixa de Gaza

Há mais de 137 mil deslocados internos na Faixa de Gaza e algumas das escolas junto das quais procuraram abrigo têm água potável limitada. A distribuição de alimentos e o apoio médico enfrentam dificuldades. Sem prejuízo de fortes críticas ao Hamas, o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos considera “ilegal” a imposição por Israel de um cerco ao território

SAID KHATIB

A mais recente escalada conta-se em dias, apesar de o conflito existir há décadas. O Hamas (movimento radical palestiniano) lançou um ataque contra território israelita, sábado, disparando milhares de foguetes e recorrendo à incursão de milícias que causaram centenas de vítimas. Em resposta, Israel declarou guerra à organização terrorista e anunciou um “cerco total” à Faixa de Gaza, contra a qual lançou ataques aéreos. O ministro da Defesa de Israel disse que o país combate “animais humanos” e que o território ficaria sem eletricidade, comida, água e combustíveis.

A resposta direcionada à Faixa de Gaza deixa em risco não só instalações do Hamas como os mais de dois milhões de pessoas que ali vivem. Os cerca de 365 quilómetros quadrados, controlados pelo Hamas desde 2006, representam apenas parte do que seria o Estado da Palestina – a avaliar pelo mapa proposto pelas Nações Unidas em 1947.

Antes do ataque sem precedentes e da retaliação israelita, a vida dos palestinianos na Faixa de Gaza já era marcada por dificuldades. Havia 14 horas de eletricidade por dia, a taxa de pobreza superava os 59%, e quase 300 mil viviam em campos de refugiados, revelam dados do gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, na sigla em inglês). Em janeiro de 2021, não havia armazenamento de cerca de 42% dos medicamentos essenciais para menos de um mês.